Sobrevivendo na era do não-emprego: o que o mercado espera de você?

Cada vez menos, existe emprego tradicional, aquele com horário a ser cumprido de forma rígida e registro em carteira

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Quando as primeiras empresas estrangeiras se instalaram no Brasil, os profissionais eram contratados e dali não saíam mais. Mas a relação paternalista entre empregado e empregador que existiu, até pouco tempo atrás, acabou. Com a competitividade entre as empresas ficando cada vez mais agressiva, não há mais tempo a perder com funcionários pouco produtivos ou criativos.

A explicação é do empresário e consultor Dino Carlos Mocsányi, autor do livro “Consultoria: o caminho das pedras”, publicado pela Central de Negócios Editora & Marketing. Segundo ele, nas últimas três décadas, as mudanças se aceleraram e o que o brasileiro protagoniza hoje é um novo tipo de vínculo: “acabou a relação de emprego e começou a de trabalho”;

Como tudo mudou

Para o consultor, apesar da queda do desemprego ocasionada pela melhora da economia, existe cada vez menos emprego tradicional, aquele com horário a ser cumprido de forma rígida e registro em carteira, por exemplo.

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“De acordo com a última pesquisa do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], 19,7% da população não são mais guiados pela CLT”. Assim, surgem os autônomos, os consultores e os profissionais que prestam serviços esporadicamente. “A tendência é que o mercado dê cada vez mais espaço a prestadores de serviços e menos a empregados. Isto está claro há 20 anos”.

Os motivos apontados por ele para a mudança são:

O problema é que, apesar das mudanças constatadas em pesquisas e estudos, muitas faculdades continuam formando profissionais para procurar emprego, e não trabalho. “Com isso, o problema se torna cultural”, diz o consultor. Talvez, alguns professores inseridos na academia e afastados do mercado de trabalho deixem de passar para os alunos a realidade atual.

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Por outro lado, na opinião do supervisor acadêmico do Centro Universitário Belas Artes, Alexandre Estolano, muitos jovens já não estão mais em busca de um emprego invejável, mas de um bom trabalho. E, vez ou outra, eles escutam alguém falar da importância de ser empreendedor.

O que é ser empreendedor?

Está escrito no dicionário Michaelis que empreendedor é um adjetivo daquele “que empreende, que se aventura à realização de coisas difíceis ou fora do comum, que é ativo e arrojado”.

Podemos concluir que empreendedor não é apenas aquela pessoa que dirige o próprio negócio, mas também quem se arrisca e, diferentemente do que faz a maioria dos profissionais, busca uma maneira inusitada de realizar as coisas, de trabalhar. Isso significa que o prestador de serviços e os autônomos são tão empreendedores quanto os empresários.

Ter uma atitude empreendedora se tornou essencial nos dias de hoje, em um mercado de trabalho cada vez mais protagonista de uma redução das formas tradicionais de trabalho, por uma necessidade de diminuição de custos nas empresas, como já foi citado.

O que o mercado espera dos jovens?

Os jovens precisam sair da faculdade preparados para buscar fontes alternativas de renda. É possível que eles não encontrem nenhum emprego formal, mas se deparem com muito, muito trabalho! No Centro Universitário Belas Artes, os alunos do curso de Design têm aulas de empreendedorismo, enquanto os estudantes de Moda aprendem sobre administração e marketing.

Já os aspirantes a arquiteto, atualmente, aprendem mais do que simplesmente desenhar. Eles aprendem a administrar projetos, o que inclui a compra dos materiais; a contratação da mão-de-obra; o conhecimento da legislação, tendo em vista o plano diretor urbano de cada município; e a administração do dinheiro que dispõem para a obra.

Existem vantagens e desvantagens de trabalhar por conta própria, mas isso depende das características de cada um. Por exemplo, quem trabalha em uma empresa precisa cumprir horário e, geralmente, não pode chegar atrasado. Para alguns, isso é péssimo, para outros, é bom negócio.

“Algumas pessoas têm mais disposição para trabalhar com autonomia e liberdade, porque administram melhor seu tempo quando não há regras rígidas”, explica Estolano, do Belas Artes. Existem, porém, aqueles que não possuem autodisciplina suficiente e se perdem quando ninguém mostra o que é para ser feito.

O que se espera dos mais experientes?

As pessoas precisam aprender a se vender. “O profissional precisa começar a ser ver como uma mini-empresa, um produto a ser vendido no mercado. No supermercado, costuma-se priorizar os produtos conhecidos. No mercado de trabalho também é assim. Ser conhecido é importante, graças ao boca-a-boca. As empresas contratam alguém porque ouviram falar, porque leram um artigo ou porque um amigo indicou. E esta é a realidade de todas as áreas. Serve para médicos, advogados, engenheiros, economistas…”, afirma Mocsányi.

“Dê palestras, ainda que gratuitamente, participe de congressos e feiras, escreva artigos, crie um site sobre seu trabalho, escreva um livro, ministre cursos. Você precisa estar na vitrine do mercado. Já que vive disso, invista tempo e dinheiro em marketing pessoal, todo dia. Quando surgir alguma dificuldade em uma empresa, alguém vai lembrar de você”, explica o consultor.

Por fim, ele recomenda que o profissional independente tenha muito controle sobre as próprias finanças, pois quem trabalha por conta própria não tem salário fixo, nem recebe todos os meses.