Simbiose cultural e miscigenação favorecem profissionais brasileiros

Capacidade administrativa e criativa e perfil pragmático constituem um diferencial competitivo para os brasileiros

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – “Em 1958, os dribles inesperados das sorrateiras pernas tortas de Garrincha e os mais inusitados e geniais lances de um desconhecido adolescente de 17 anos chamado Edson deram ao Brasil a primeira Copa do Mundo. A inesquecível seleção, que também transgredia a lei da gravidade com a folha-seca de Didi e sabia manter-se íntegra nos momentos mais adversos do jogo, sob a dignidade serena de Zito e Nilton Santos, quebrou todos os paradigmas da burocracia tática e do futebol força dos europeus. Encantou o mundo!”, lembra o sócio da CT-Partners na América Latina, Arthur Vasconcellos.

Para ele, é possível fazer uma analogia entre esse time de 58 e o sucesso de numerosos executivos brasileiros em empresas multinacionais. Nossas heterogênicas bases étnicas, a capacidade de interação e miscigenação, bem como a simbiose cultural, nos deram virtudes múltiplas como povo, indivíduos e profissionais.

Como exemplo, Vasconcellos cita Henrique Meirelles, atual presidente de nosso Banco Central, que foi CEO (diretor executivo) mundial do BankBoston, a instituição que criou o dólar.

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E assim nasceram grandes executivos…

A teoria do sócio da CT-Partners é que a capacidade administrativa e criativa e o perfil pragmático dos profissionais, executivos e empresários brasileiros constituem-se em diferencial competitivo para suas carreiras e as empresas às quais prestam serviços. Segundo ele, os citados atributos são determinantes, pois favorecem a rapidez nas decisões e o encontro de soluções objetivas e focadas nos verdadeiros problemas.

“Trajetórias de sucesso de profissionais brasileiros, aqui e no mundo, multiplicaram-se em todos os setores de atividades. Em meio ao presente crash financeiro, um dos mais agudos da história do capitalismo, é preciso lembrar essas virtudes do brasileiro e reforçá-las”, afirma.

Não esqueça a ginga!

Para Vasconcellos, é um momento importante de reflexão sobre a descaracterização que se verifica nos últimos anos em profissionais brasileiros, a começar pelo esporte paixão nacional.

“Cada vez mais jovens, nossos craques em potencial vão para o exterior, esquecendo a criatividade, a ginga, a malícia e o drible inesperado nas escolinhas ou nos campos das periferias onde um dia jogaram seu futebol quase irresponsável. Esse novo atleta vira jogador europeu e se torna mais um no seu time. Da mesma forma, cada vez mais preparados, com importantes e bem-vindos MBAs, poliglotismo, títulos e doutorados, muitos executivos esquecem suas virtudes essenciais”, diz ele, ao lembrar a importância da ousadia e da criatividade.

“Mais do que nunca, é fundamental difundir as brasileiríssimas virtudes gerenciais, logísticas, operacionais e de governança corporativa. Já enfrentamos e vencemos inflação mensal de 80%, resistimos ao impeachment do primeiro presidente da República eleito depois de duas décadas de ditadura e de sonhos de democracia, sobrevivemos aos mais hilariantes pacotes econômicos, ao “apagão” de 2001 e às recentes quebras internacionais da Rússia, do México, da Ásia… É hora de enfrentar a presente crise com a mesma capacidade criativa, coragem e competência que sempre caracterizaram nossos executivos nos mais duros embates”, finaliza.