Sexo frágil? Mulheres têm salários 60% menores que os homens

Pesquisa aponta discriminação e segregação de atividades como principais fatores da desvantagem feminina

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Apesar das conquistas, as mulheres ainda não conquistaram o mesmo espaço no mercado de trabalho brasileiro que os homens. É o que confirma um estudo realizado por pesquisadoras da Universidade Federal de Minas Gerais e pela empresa de recursos humanos Gelre.

O levantamento levou em conta dados de pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no período entre 1982 e 2003.

Discriminação

Os salários dos homens chegam a ser 60% maiores que os das mulheres, segundo o levantamento. Ao considerar os rendimentos pelas horas trabalhadas a diferença cai para 33%, defasagem ainda considerável, de acordo com dados de 2003. Neste mesmo ano, apenas 55% das mulheres tinham jornadas de trabalho de 40 horas semanais, contra 80% do universo masculino.

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Entre os principais motivos para a desvantagem feminina no mercado de trabalho está a discriminação e a delegação de funções menos valorizadas às mulheres.

“A remuneração inferior indica que a maior escolaridade feminina, apontada também na pesquisa, não discrimina positivamente as mulheres. Elas precisam de muito mais credenciais para disputar espaço no mercado de trabalho”, explica Ana Flávia Machado, autora do estudo.

Se não fosse a pura e simples discriminação, segundo a pesquisadora, as mulheres ganhariam 20% a mais do que os homens, devido à suas características produtivas e sua inserção ocupacional.

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Desvantagem

A taxa de atividade das mulheres é outro dado relevante da pesquisa. Nos últimos 50 anos, este índice cresceu 30 pontos percentuais a mais que o dos homens, o que é justificado pelas mudanças sociais no papel da mulher e a necessidade das famílias de complementar a renda.

Mesmo assim, o desemprego em 2003 era cinco pontos acima no caso das mulheres, registrando 13% em relação aos 8% masculinos. Este desequilíbrio aparece no levantamento a partir de 1992.

O contingente de desempregadas entre 35 e 45 anos – a fase mais produtiva da vida – aumenta relativamente mais que o dos homens. A taxa de desemprego nesta faixa etária dobra para as mulheres, enquanto no caso masculino, aumenta 50%.

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Mulheres negras também apresentaram mais dificuldade na conquista do mercado: em 1990, 46,26% eram desempregadas e em 2003, o número evoluiu para 51%. O número para homens ficou em 48,5% e 53%, respectivamente.

Emprego x escolaridade

O desemprego com maior nível de escolaridade também é maior entre mulheres. Há dois anos, 33,6% das desempregadas tinham nível superior incompleto, contra 25,4% dos homens com a mesma formação.

Entre 1982 e 2003 a taxa de ocupação feminina caiu 9,75%. No caso dos homens, a queda foi de apenas 4,16%.

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A segregação de ocupações pelo sexo diminuiu no Brasil desde a década de 80, de 57,88% para 49,74%, mais ainda persiste. O índice aponta que os homens e mulheres se dividem entre cargos que tenham “maior predominância” de um sexo. Neste caso, o público feminino fica com posições menos valorizadas e apresentam incidência representativa como trabalhadoras domésticas – 16,57% em 2003.

As mulheres também se concentram mais nos ramos de alimentação, educação, saúde e serviços sociais. Os homens, por sua vez, ocupam mais cargos nos setores de construção, armazenagem, transporte e comunicação.

Mesmo com as discrepâncias, é preciso salientar que a escolarização feminina também tem ajudado uma parcela da categoria. Assim como para os homens, as mulheres ocupadas que têm curso superior aumentaram de 5,16% para 11,59% em 11 anos.

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