Setor que pode crescer 103% com robôs terá vagas para humanos, diz estudo

Pesquisa da consultoria DuckerFrontier a pedido da Microsoft mostra também que PIB do Brasil poderia chegar 7,1% ao ano até 2030 com IA

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – O setor de serviços corporativos seria o de maior destaque se o Brasil implementasse IA (inteligência artificial) em sua potência máxima. Os empregos novos aumentariam 103% em comparação com as estimativas feitas pelo Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional), para 26 milhões de postos de trabalho, segundo um estudo feito pela consultoria DuckerFrontier a pedido da Microsoft e divulgado nesta segunda-feira (11) em evento em São Paulo.

Segundo Pablo Gonzalez, diretor da América Latina da área de pesquisa da DuckerFrontier, o motivo é que as empresas do país neste setor fariam um investimento maior na incorporação de IA, permitindo a criação de novos produtos e serviços. A geração de vagas ocorreria em funções que as máquinas ainda não são capazes de desempenhar, como a criação de novos produtos, atendimento ao cliente, finanças corporativas, etc.

A pesquisa analisa os impactos que a implementação de toda a tecnologia de IA existente hoje poderia trazer ao Brasil até 2030, na economia, sociedade e mercado de trabalho em cenários de mínimo e máximo benefício da adoção de IA.

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Outros setores com ganhos importantes na criação de empregos seriam o de manufatura (73% de aumento), o setor de comércio varejista, atacadista, hotelaria e alimentação (44% de aumento), e o da construção (42% de aumento).

Por outro lado, praticamente todos os setores, com exceção de serviços corporativos, passariam por uma redução líquida na demanda de trabalho em horas.

A estimativa do FMI é que, até 2030, os brasileiros trabalhem 179 bilhões de horas. Com a implementação da inteligência artificial, esse número poderia cair 33%, para 120 bilhões de horas, considerando todos os trabalhadores do país, de acordo com o estudo.

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Na prática, no país essa redução significa que os profissionais considerados pouco qualificados serão substituídos por máquinas. No entanto, o estudo aposta no efeito cascata no mercado de trabalho.

“Os profissionais vão se requalificar e em um contexto de investimento maior por parte de indústria nacional, criação de novas indústrias e novos modelos de negócios haverá um efeito cascata na geração de novos empregos no país”, explica Gonzalez.

Ele explica que não só empregos ligados a novas tecnologias são criados, mas também há geração de postos de trabalho em outros setores como consequência do maior consumo na economia por parte de funcionários altamente qualificados – que ganham mais. Haverá uma grande demanda por esse tipo de mão-de-obra totalizando uma demanda adicional de 17,7 milhões de empregos para esse perfil profissional. Isso representa 50% em empregos de alta qualificação contra os 34% atuais.

As vagas com maior demanda serão concentradas entre profissionais liberais, técnicos de nível médio, e gerentes.

PIB maior e mais produtividade

As simulações da pesquisa também mostram que a adoção máxima de IA no país pode aumentar a CAGR (taxa composta anual de crescimento) do PIB (Produto Interno Bruto) para 7,1% ao ano até 2030, considerando um cenário de máximo impacto pelos benefícios da IA.

O aumento é superior à projeção de 2,9% de crescimento do PIB feita pelo Banco Mundial e pelo FMI no mesmo período.

Segundo o estudo, o maior avanço do PIB viria acompanhado ainda de um crescimento até quatro vezes maior nos níveis de produtividade do país, podendo chegar a uma taxa composta anual de crescimento de até 6,5% ao ano no período até 2030, comparada a 1,7% de crescimento ao ano estimado pelo Banco Mundial e pelo FMI.

O estudo trabalha apenas com simulações, e para colocar todas as ideias em prática na vida real o Brasil precisa avançar em alguns pontos.

Gonzalez afirma que os dois maiores desafios do país serão treinar mão-de-obra para que os trabalhadores estejam preparados para a mudança e assegurar acesso à tecnologia, por meio da educação, para os cidadãos de todas as classes, além de empresas de todos os portes.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.