Salário do brasileiro sobe e desigualdades caem, diz Ipea

Recuperação do mínimo e expansão das vagas movimentaram mercado, que passou a absorver trabalhadores da base da pirâmide social

Eliane Quinalia

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SÃO PAULO – As mudanças econômico-sociais dos últimos 50 anos tem alterado a renda e a estrutura dos brasileiros. Pela primeira vez, o Brasil passa a combinar uma ampliação da renda por habitante à redução das desigualdades na distribuição da renda pessoal. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (4) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e é parte de um comunicado sobre mudanças na renda e estrutura ocupacional nacional.

Segundo os dados apresentados, já é possível ‘observar uma redução nas desigualdades no interior da distribuição pessoal da renda do trabalho que, pela primeira vez, acompanhou a elevação da renda per capita dos brasileiros’.

Isso significa que, ao recuperar o valor real do salário mínimo nacional e expandir as vagas, o mercado passou a absorver uma parcela maior de trabalhadores que encontravam-se na base da pirâmide social, reduzindo a taxa de pobreza no País.

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Salários de base
Tal mudança de perfil se deve a uma série de mudanças. As transformações produtivas que impulsionam o setor terciário na geração de empregos são algumas delas.

Na primeira década de 2000, a parcela dos ocupados com até 1,5 salário mínimo voltou a crescer, aproximando-se de quase 59% de todos os postos de trabalho. Em compensação, as demais faixas de remuneração caíram de posição.

Para se ter uma ideia, dos 2,1 milhões de vagas abertas no ano, em média, 2 milhões se deram entre pessoas que recebiam até um salário mínimo mensal – o maior saldo líquido foi contabilizado na década passada, quando atingiu um valor 44% superior ao verificado em 1980 e 1990 e 22% maior que o do decênio de 1970.

Rendimento do trabalho
Desde 2004, é registrada a expansão média anual da renda per capita dos brasileiros em 3,3%, com melhora do índice da situação geral do trabalho ao ritmo de 5,5% ao ano.

E esta não foi a única melhora observada. A participação no rendimento do trabalho na renda nacional também cresceu: foram 14%,8% entre os anos de 2004 e 2010. Neste mesmo período, inclusive, o grau de desigualdade na distribuição pessoal da renda foi reduzido em 10,7%.

Remuneração diferenciada
Nas faixas dos trabalhadores sem remuneração e daqueles que recebiam mais que três salários mínimos mensais, o levantamento apontou uma destruição liquida de ocupações. Enquanto uma registrava 108 mil vagas, a outra apontava quase 400 mil, respectivamente – média apurada ao ano.

Já no segmento dos ocupados, cuja faixa de rendimento era de 1,5 a 3 salários mínimos mensais, a geração média anual foi de 616 mil postos de trabalho.