Saiba qual é o executivo certo para lidar com momentos de turbulência

SÃO PAULO – Ninguém esta salvo de momentos turbulentos, ainda mais tratando-se do âmbito corporativo. Como um “barco em alto mar”, a empresa precisa ser guiada com destreza para que não “afunde na primeira onda”.

Neste cenário, provavelmente será necessário iniciar um processo de reestruturação. Trata-se de uma série de medidas emergenciais direcionadas à recuperação da saúde da organização, assim como uma injeção de ações que visam torná-la mais eficiente e competitiva.

“Para isso, o executivo [que irá liderar esse processo] precisa ter um perfil diferenciado, ou seja, é fundamental que reúna determinadas características importantes para comandar processos desta natureza. Os mais procurados são aqueles que conseguem atuar sob pressão e possuem grande habilidade política”, afirma o diretor da consultoria Naxentia, Miguel Abdo.

Esses profissionais, esclarece o executivo, são mais maduros, racionais, acostumados a mudanças, aptos a tomarem decisões difíceis em um curto espaço de tempo, sem terem informações adequadas disponíveis.

O executivo dos sonhos
Os atributos deste profissional de reestruturação não fogem do perfil que qualquer empresa gostaria de ter em seu quadro: forte experiência executiva e capacidade consultiva muito bem desenvolvida.

De fato, essas são qualidades não comumente encontradas no mercado, porém, não adianta se apoiar apenas “nelas” para salvar a empresa. O diretor da Naxentia sustenta que o uso de metodologias específicas para reestruturação é fundamental, tanto na fase de diagnóstico, quanto nas outras fases subsequentes, a fim de expandir as chances de sucesso do projeto.

Muitas metodologias de reestruturação não incorporam de maneira gradual o problema da companhia, por exemplo. Executivos experientes que são contratados colocam em prática somente ações que focam no reequilíbrio financeiro, ignorando os problemas estruturais da empresa que a levaram a uma situação de risco.

Segundo Abdo, problemas estruturais, se não resolvidos, criarão novas dores de cabeça mais à frente. “Outra questão que assola um projeto está relacionada ao futuro da organização. Decisões voltadas para resultados a curto prazo, e desalinhadas estrategicamente, podem colocar tudo a perder. O esforço de salvar também significa pensar em manter a empresa lucrativa a longo prazo”.

Diferença de perfis
Um ponto que causa discussão nas empresas é quanto ao perfil do profissional responsável por “colocar ordem na casa”. É nesse momento que uma dúvida vem à tona: quero um empreendedor ou um gestor?

“Diferentemente do perfil de empreendedor, o gestor de reestruturação tem uma postura não apenas pragmática, mas também voltada para processos, alianças com parceiros e fornecedores”, avalia Abdo.

Na opinião do executivo, o gestor procura aumentar o desempenho do negócio e fortalecer as estruturas organizacionais. Já o empreendedor tem por característica projetar algo novo e revela-se extremamente necessário no início de uma operação, uma vez que detém um foco grande em planejar e organizar.

“Na verdade, são perfis complementares que podem ser combinados em diferentes proporções, dependendo do estágio em que a empresa se encontra”, diz o especialista. 

Passos
Conforme a empresa passa a ganhar corpo, novas necessidades de planejamento e organização passam a figurar fortemente na prancheta de anotações dos executivos, a começar pelo cuidado na retenção e a aquisição de talentos.

Quando o processo não é munido de organização e planejamentos suficientes, qualquer turbulência na economia, mudança na regulamentação ou aumento da concorrência impacta fortemente a saúde e a estabilidade desta empresa. Postergar o pedido de auxilio pode ser uma prática arriscada, em vista da tenacidade da situação. Por isso, quanto antes um profissional de reestruturação for chamado, mais chances a empresa terá de reverter a situação.

“Enfim, o trabalho de dar um novo rumo para uma empresa, seja tornando-a mais saudável, rentável, perene ou com crescimento acelerado, passa não somente por um perfil específico, mas também por uma metodologia consolidada e um forte trabalho de equipe”, finaliza Abdo.