Saiba quais carreiras ganham com o incremento em inovação no Brasil

Profissionais ligados ao desenvolvimento, melhoria de produtos e inovação devem ser mais demandados no futuro

Tércio Saccol

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SÃO PAULO – Investimento em inovação e design é uma das grandes apostas da indústria brasileira para competir com os produtos asiáticos e garantir competitividade mesmo em um contexto de câmbio desfavorável e alto custo de logística. Para promover essa transformação em produtos, serviços e processos nas empresas, no entanto, é necessário contar com profissionais qualificados e que entendam a dinâmica da economia internacional.

É nesta lacuna que estão inseridos os designers de produto. Antes utilizados em funções ligadas a lojas e empresas do setor moveleiro e de desenho de interiores, hoje os profissionais ganham cada vez mais espaço em indústrias ligadas à tecnologia, calçados, hospitais e eletrodomésticos.

O coordenador do curso de Desenho Industrial da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), Milton Francisco, explica que, com o crescimento da economia e o desenvolvimento de mais etapas de produção industrial dos produtos dentro do Brasil, o designer ganhou espaço, mas também é mais exigido. “Claro que é importante que quem busque o curso goste de desenhar, mas também é primordial que o designer se interesse e entenda sobre gestão. É necessário que ele pense projetos conhecendo a cadeia produtiva, viabilidade técnica e econômica. Hoje, ele está inserido em uma equipe multidisciplinar”, aponta o professor.

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O padrão salarial, segundo o professor, ainda está longe do ideal, mas está em processo crescente. Um profissional iniciando suas atividades recebe em torno de R$ 1.000 a R$ 1.500 mensais, mas esse valor sobe bastante em algumas organizações.

O docente da Faap alerta, no entanto, que após a formação técnica é necessário continuar se aprimorando. Para ele, um bom profissional na área de desenho de projeto é aquele que amplia constantemente seus horizontes de conhecimento, o qualificando para desenvolver diferentes ideias para públicos distintos, e, consequentemente, desenvolve acesso a mais mercados. “Ele [o profissional] precisa entender relações de psicologia, antropologia, filosofia e estar constantemente buscando bibliografia complementar para atender um mercado cada vez mais complexo”, avalia Milton Francisco.

O inovador
Outro profissional que ganha espaço com a necessidade de diferenciar os produtos desenvolvidos no Brasil para o consumo externo é o responsável pela inovação em processos, produtos e gestão. Embora não exista um cargo definido ou a exigência de uma graduação específica para quem pensa a inovação, universidades e instituições de ensino de todo País têm buscado se aprimorar para formar profissionais inovadores e preparados para promover novas soluções nas corporações.

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A Unisinos (Universidade do Vale do Rio do Sinos), na cidade de São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre, é uma delas. Criou, em 2003, a graduação em gestão para inovação e liderança, com aulas em turno integral, grade diferenciada, aulas de inglês durante três anos, oferta de intercâmbios e até entrega de laptops para alunos. O curso, que tem mensalidades acima dos R$ 2.000, tem tido boa procura desde seu início, a ponto de motivar a abertura de novas turmas também em Porto Alegre este ano.

Para a professora de inovação do curso, Janaina Ruffoni Trez, o profissional formado pela graduação tende a ser cada vez mais demandado, já que existe uma grande necessidade de estruturar e inserir o conceito de inovação em empresas no País. “Em muitos setores ainda se inova muito pouco e, além disso, a inovação em muitas empresas ainda é intuitiva, não organizada, caótica, sem gestão ou orientação. Também é para essa realidade que olhamos no curso: não apenas de atender a demanda existente, mas de criar, estruturar e organizar departamentos de inovação em corporações”, aponta.

Engana-se quem pensa que os novos inovadores passam o curso em laboratórios de criação ou que toda essa carga horária é voltada apenas para lições de gestão. Os novos inovadores aprendem história, filosofia, economia, antropologia e até arte. “Assim, apresentamos contextos históricos, momentos e lições que ajudam a formar o lado humano do profissional. As disciplinas mais focadas em administração são ensinadas a partir do segundo semestre”, revela a professora, exaltando a necessidade de interdisciplinaridade para os futuros líderes inovadores.

Segundo a professora da Unisinos, os alunos têm conseguido boa colocação no mercado, sobretudo pela crescente necessidade de inovar na produção e nos processos em diferentes áreas. “Vemos um grande potencial para quem já está preparado para inovar em um mercado que cada vez mais procura por profissionais que saibam pensar, implantar e desenvolver processos de inovação dentro das suas realidades”.

Como atuam em diferentes áreas, mercados e possibilidades, não há um padrão salarial entre os gestores da inovação, embora o crescimento da atividade no mercado tenha estimulado o aumento dos salários médios da área.