Rotatividade em bancos reduz salários pagos pelas instituições, diz Dieese

Entre janeiro e setembro deste ano, a remuneração média dos contratados foi 38,28% inferior à dos desligados

Karla Santana Mamona

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SÃO PAULO – A alta rotatividade de profissionais no setor bancário brasileiro tem reduzido os salários pagos pelas instituições. Entre janeiro e setembro deste ano, a remuneração média dos contratados foi 38,28% inferior à dos desligados, ou seja, R$ 2.159,15, contra R$ 3.498,38.

Os dados fazem parte de uma pesquisa realizada pela Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), e divulgada nesta quarta-feira (8).

Geração de emprego
Na análise geral do setor, o levantamento indica que, nos primeiros nove meses deste ano, foram gerados 17.067 vagas. Neste período foram admitidas 43.719 pessoas. Já os desligados somaram 26.652. No mesmo período de 2009, os bancos fecharam 2.076 postos de trabalho.

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“A geração de novos postos de trabalho no setor financeiro é uma boa notícia para a categoria bancária, que nas campanhas nacionais dos últimos anos tem a defesa do emprego como uma de suas principais bandeiras”, diz o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. 

Apesar dos dados serem positivos, ao comparar o setor financeiro com outros segmentos da economia, nota-se que o sistema financeiro foi um dos que menos gerou empregos em 2010: 0,77% do total de 2.201.406 vagas criadas pela economia do País.

Concentração de vagas x salário
A pesquisa revela que o saldo positivo do emprego nos bancos está concentrado nas faixas mais baixas, com predominância para o segmento entre 2,01 a 3 salários mínimos, que registrou um saldo de 19.589 postos de trabalho.

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A partir desta todas as faixas apresentam saldo negativo de emprego, com destaque para o segmento de 5,01 a 7 salários mínimos, em que houve a diminuição de 1.793 postos de trabalho.

Esta situação pode ser explicada pelo fato de que a maioria das admissões (59,65%) está concentrada na faixa de 2 até 3 salários mínimos, enquanto os desligamentos se distribuírem pelas faixas superiores de remuneração. Isso faz com que a remuneração média dos profissionais admitidos esteja abaixo da média de quem é demitido.

“Como nos períodos anteriores, esses dados demonstram que os bancos estão usando a alta rotatividade da mão de obra para reduzir custos, demitindo bancários com salários mais altos para substituí-los por trabalhadores com remuneração inferior”, afirma Cordeiro.

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Análise regional
Na comparação por região, os dados indicam que o Sudeste foi a que mais criou postos de trabalho até setembro, 11.594. Em seguida aparecem o Sul, com 2.528, e o Centro-Oeste, com 1.413. Já o Norte e Nordeste criaram 687 e 845 postos, respectivamente.

Sobre a remuneração média paga aos profissionais, os destaques também são o Sudeste e Sul, com valores de R$ 2.353,69 e R$ 1.829,22, cada um. A menor média salarial foi registrada no Norte, de R$ 1.504,11.

Homem x mulher
Na comparação entre gênero, as mulheres, apesar de serem a maioria entre os contratados (53,22% ou 9.085), recebem remuneração inferior ao dos homens.

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As profissionais desligadas saíram do banco com rendimento médio de R$ 2.884,08, valor 27,75% inferior ao auferido pelos homens, que foi de R$ 4.048,99.

Já a mão de obra feminina admitida entra no banco recebendo uma remuneração média de R$ 1.808,82, enquanto os admitidos do sexo masculino recebem o equivalente a R$ 2.503,58, correspondendo a uma diferença de 27,75%.