Retomada da economia não reflete em aumentos salariais, aponta pesquisa

Junto a dados gerais sobre reajuste salarial, pesquisa da Mercer apontou para os critérios mais usados na contratação de funcionários

Allan Gavioli

(Shutterstock)

Publicidade

SÃO PAULO – Mesmo com a leve retomada da economia brasileira, o bolso do trabalhador brasileiro não está ficando mais cheio. É o que aponta a “Pesquisa de Remuneração Total 2019”, estudo anual da Mercer sobre o mercado de trabalho.

De acordo com a pesquisa, as empresas concederam um leve reajuste salarial médio de 4,4% em 2019, mesma taxa observada no ano passado. Isso apesar de uma economia que volta a crescer depois de anos de crise: a projeção para o PIB para este ano, de acordo com a pesquisa Focus do Banco Central, é de crescimento de 0,92%, após crescimento de 1,1% em 2018.

Para efeito de comparação, nos dois piores anos de crescimento do Brasil, 2015 e 2016, o reajuste médio salarial foi superior ao ano de 2019. Em 2015, o Brasil registrou um PIB de -3,55% e, em média, houve um aumento de 6,3% nos salários do país, de acordo com a consultoria. Já em 2016, o reajuste médio salarial foi de 5,6%, enquanto o PIB brasileiro fechou o ano em -3,31%.

Masterclass

O Poder da Renda Fixa Turbo

Aprenda na prática como aumentar o seu patrimônio com rentabilidade, simplicidade e segurança (e ainda ganhe 02 presentes do InfoMoney)

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Os setores que concederam os maiores aumentos de salário foram o de manufatura (5%) e o automotivo (4,8%). Já os cargos administrativos tiveram o menor ajuste médio (3,6%).

Neste ano, a pesquisa contou com 680 empresas participantes, abrangendo mais de 780 mil profissionais em 24 mil posições diferentes.

Critérios para aumentos salariais

Junto com os dados gerias sobre reajuste salarial, a pesquisa da Mercer apontou para quais critérios a empresa olha na hora de considerar um aumento de um funcionário.

Continua depois da publicidade

Para Rafael Ricarte, líder de produtos de carreira da Mercer Brasil, ver que uma parte considerável das empresas avaliadas ainda considerarem tempo de serviço como critério para aumentos salariais foi surpreendente.

“Uma das grandes surpresas, ainda mais em tempos da quarta revolução industrial e preparação para o futuro do trabalho, consiste no fato de que 16% das empresas ainda consideram o tempo de serviço como um critério para aumentos salariais”, afirma Ricarte.

Dentre os critérios avaliados, 95% das empresas avaliam o desempenho individual para conceder aumentos salariais. Já a faixa salarial do cargo em questão é um critério para 65% das companhias avaliadas no estudo.

Continua depois da publicidade

Parâmetros como o desempenho da empresa e a inflação foram considerados por 52% e 40% das companhias, respectivamente, segundo o estudo.

O critério que foi menos levado em consideração para o reajuste salarial foi o tempo do funcionário na companhia, com apenas 16% das empresas avaliando esse parâmetro.

Turnover sobe

A pesquisa da Mercer também revelou um aumento do turnover voluntário – prática de desligamento do funcionário de forma voluntária.

Publicidade

Em 2016, o percentual de demissões solicitadas pelos profissionais variava entre 2% (executivos) e 5% (operacionais).

No ano de 2019, com a pequena retomada econômica do Brasil, entretanto, as demissões voluntárias subiram para 4% entre os cargos do alto escalão executivo e 9% entre as posições operacionais, com destaque para o nível Gerencial que saltou de 3% para 7% na pesquisa deste ano.

Ainda que os números de demissão voluntária tenham aumentado, o lado de contratações também teve avanços.

Continua depois da publicidade

Em todos os níveis, o percentual de novos contratados foi maior em 2019 do que em 2018, representando 12% no nível operacional, (contra 10% em 2018), 19% no nível intermediário (vs 14% em 2018) e 22% no nível de liderança (ante 18% no ano anterior).

Ricarte ressalta que um cenário de crescimento no número de contratações é muito animador, pois “pode representar novas posições geradas e um aquecimento do índice de reposição de profissionais demitidos”.

Desigualdade de gênero

A Mercer ainda avaliou a diferença entre os salários de homens e mulheres e concluiu que a desigualdade entre gêneros ainda é um problema grave no meio corporativo brasileiro.

Publicidade

Os resultados do estudo apontam que os salários entre homens e mulheres, por mais que permaneçam mais ou menos equivalentes até o nível Gerencial, nas áreas de diretoria há uma enorme diferença.

“A partir das posições de Diretoria, o salário médio das mulheres começa a cair bastante em relação ao dos homens e chega a ser de apenas 60% do valor no cargo de Presidente”, afirma Ricarte.

Na amostra da Mercer, apenas 12% das empresas avaliadas possuem mulheres na posição de Presidente.

Faça seu dinheiro trabalhar para você. Invista. Abra sua conta na XP Investimentos – é grátis

Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.