Renda dos trabalhadores instruídos e da indústria foi a que mais sofreu com crise

Estudo aponta que renda dos trabalhadores da indústria, dos mais instruídos e moradores das capitais foram as mais impactadas

Evelin Ribeiro

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SÃO PAULO – Os trabalhadores da indústria foram os que mais sofreram o impacto da crise em relação à renda. O estudo do Centro de Políticas Sociais da FGV (Fundação Getúlio Vargas) chamado “A Pequena Grande Década: Crise, Cenários e a Nova Classe Média” identificou quais classes sociais mais haviam sofrido diminuição no padrão de vida, após o início da crise financeira, que culminou em recessão mundial, a partir de setembro de 2008.

Os ocupados da indústria sofreram quedas 11% maiores que os dos demais setores. Já os indivíduos inicialmente ocupados no setor financeiro não sofreram deslocamentos relativos em relação a sua posição inicial de renda.

“A crise tirou gente da indústria, porque não conseguiam exportar a mesma quantidade, mas também os empresários superestimaram a crise, demitiram muita gente”, declarou o economista responsável pelo estudo, Marcelo Neri.

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Estudados
A população mais educada sofreu relativamente mais que os sem instrução durante a crise. Segundo a pesquisa, o resultado contradiz a maior parte das recessões usuais, onde os não qualificados são os primeiros em geral a ficar desempregados.

“A chance de queda daqueles com pelo menos o segundo grau completo vis a vis os sem instrução sobe 23,7%”, aponta o estudo.

Periferia versus capital
A crise também afetou mais as capitais do que as periferias metropolitanas. A pesquisa compara essa informação ao fato de que, mundialmente, a crise também afetou mais o centro do que a periferia do capitalismo, ao vermos que os países em desenvolvimento saíram dos quadros recessivos mais rapidamente que as economias mais desenvolvidas.

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“A crise afetou em geral o centro dinâmico das economias, o emprego formal. Por isso, quem mora na capital sofreu mais do que quem estava na periferia. As classes mais altas foram as que mais perderam (em relação ao nível de renda)”, declarou Neri.

O economista salienta, porém, que as classes de renda mais elevada, por serem as primeiras a sentir o impacto da crise, foram também as primeiras a se recuperar. Em dezembro de 2009, a quantidade de brasileiros que integram a classe AB (renda acima de R$ 4.808) já havia superado em 2% o montante de dezembro de 2008, enquanto a classe C ainda estava com saldo negativo de 0,4%.