Remuneração variável é eficiente como alternativa à promoção?

Hoje o recurso de promover funcionários não é freqüente e prêmios têm sido vistos como forma de motivar equipe

Waldeli Azevedo

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SÃO PAULO – A motivação dos funcionários é um assunto que preocupa sempre, não apenas a empresa quanto o próprio trabalhador. Sabe-se que, entre os fatores que promovem a satisfação ao trabalho, estão a oportunidade de se fazer o que gosta, o reconhecimento por parte do empregador, as boas condições de trabalho fornecidas pela empresa, os benefícios oferecidos e, claro, a remuneração.

Não há como negar, entretanto, que a realidade no mundo corporativo mudou: hoje já não se promovem tantos funcionários quanto antes, em função dos recursos escassos e de uma política interna muito mais enxuta. Por outro lado, as necessidades dos trabalhadores, obviamente, continuam as mesmas. Sendo assim, como conciliar os interesses?

Premiação ou promoção?

De acordo com Luis Felipe Cortoni, professor da Fundação Vanzolin (USP) e diretor da LCZ, consultoria em Desenvolvimento de Pessoas e Organizações, até os anos 90 não era possível conceber um aumento de salário sem mexer na estrutura e na remuneração fixa do funcionário. A movimentação vertical ascendente, ou promoção, era o grande ideal de todo trabalhador, proporcionando-lhe elementos motivacionais como segurança no emprego, reconhecimento, auto-estima e auto-realização.

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Em função de, hoje, a promoção ser utilizada em baixíssima freqüência, segundo o consultor, a remuneração variável tem surgido como alternativa. Definida como forma de compensação financeira pelo esforço das pessoas em atingirem as metas propostas pelas empresas, “é hoje reconhecidamente um dos produtos mais cobiçados das atuais políticas de RH”, define Cortoni.

Entretanto, de acordo com o especialista, a remuneração variável traz conseqüências nem sempre tão positivas para os colaboradores e principalmente para a empresa.

Motivação condicionada ao prêmio

Se a remuneração variável é vista pelo funcionário, inicialmente, como recompensa por atingir metas e superar as expectativas de seu empregador, é muito comum que, com o passar do tempo, esta forma de encarar a premiação se modifique. Por esta razão, é preciso que a empresa conheça bem este recurso e seus prós e contras, antes de implantá-lo como solução de seus problemas.

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Segundo Cortoni, este tipo de recompensa condiciona a performance à sua presença. Portanto, na sua ausência, a performance cai de freqüência e tende a desaparecer. A empresa, neste caso, cai no dilema entre condicionar ou motivar pessoas para o trabalho.

O executivo esclarece: “o grande desafio das empresas se refere a como garantir ambientes de alta performance e de vínculos compromissados entre pessoas e empresa com as restrições da mais poderosa recompensa utilizada hoje: o dinheiro”.

Não seria exagero dizer, em outras palavras, que o funcionário se acostuma à remuneração de tal forma que, quando não a recebe, considera-se injustiçado e registra uma considerável queda em seu desempenho. Neste caso, o que seria uma premiação se transforma em dilema.