Psicóloga aponta tipos de pressão no trabalho e como afetam a criatividade

Trabalho sob pressão parece ser determinante para o sucesso da empresa. Ao contrário disso, ele prejudica a organização

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – De acordo com a psicóloga Virgínia Nogueira, autora da dissertação de mestrado “Pressões no trabalho e a criatividade no contexto organizacional”, defendida na Universidade de Brasília (UnB) o trabalho sob pressão parece ser determinante para o sucesso de uma empresa, mas não é. Ao contrário disso, ele pode prejudicar o funcionamento da organização.

Ela analisou chefes de diversas áreas de um supermercado (bazar, caixa, têxtil) do País, por serem pessoas diretamente responsáveis pelos resultados de uma equipe.

Pressionadas, as pessoas têm mais dificuldades em desenvolver estratégias criativas no ambiente de trabalho. “As lideranças devem ter sensibilidade para identificar qual é o nível de tolerância de cada pessoa, e exatamente como esse estímulo pode se transformar na pressão que passa a prejudicar a criatividade, além de provocar doenças e sofrimento”.

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Conheça os tipos

A pressão pode ser separada por tipos. A do tempo está relacionada à sobrecarga de trabalho quando alguém falta. “As pessoas pareciam acreditar que o desenvolvimento tecnológico dos últimos 50 anos teria atenuado a carga de trabalho. Em contrapartida, as pessoas teriam mais tempo para sua família e lazer, mas não é esse o cenário que se concretiza nas organizações”.

Veja, abaixo, quais os tipos de pressão identificadas pela pesquisadora, as quais prejudicam o processo criativo:

Trocar idéias e experiências com os colegas é uma forma de enfrentar a sobrecarga e demais pressões. Além disso, é importante um planejamento de tempo.

Para as empresas

De acordo com Virgínia, o desafio das empresas não é vender, mas gerir as pessoas de maneira positiva, para que elas possam vender cada vez mais. Uma forma de fazer isso seria, então, oferecer benefícios, para que atinjam suas metas? “Quando a pressão por resultados é atrelada a recompensas financeiras, por exemplo, ela se torna mais aceitável, mas é importante ressaltar: isso não a torna saudável”.

As mais simples demonstrações de reconhecimento podem servir como incentivo para que os funcionários melhorem seu desempenho e sua capacidade de tolerância à pressão. Contudo, é preciso refletir: os resultados organizacionais favoráveis são obtidos a que custo? Se houvesse mais espaço dedicado à criatividade nas organizações, os resultados seriam os mesmos? Seriam melhores ou piores? E a saúde do trabalhador, como ficaria?