Profissionais mentem mais quando escrevem por e-mail do que em papel

Pesquisa revela que, por e-mail, profissionais não captam comportamento dos demais, o que leva a enganos intencionais

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Os profissionais tendem a mentir mais em mensagens de e-mail do que nos tradicionais recados de caneta e papel, conforme revelaram dois estudos realizados pela Universidade de Lehigh, entre outras universidades norte-americanas.

“Há uma crescente preocupação no ambiente de trabalho sobre a comunicação por e-mail, e isso tem relação com a confiança”, disse a professora assistente de administração da Faculdade de Administração e Economia da Universidade de Lehigh, Liuba Belkin.

De acordo com Liuba, por e-mail, os profissionais não captam sinais não-verbais e de comportamento dos demais. Em um contexto empresarial, isto pode levar a diversas interpretações e, como mostrou o estudo, a enganos intencionais.

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Os resultados da pesquisa foram apresentados por Liuba e os co-autores – Terri Kurtzberg da Rutgers University and Charles Naquin da DePaul University – no encontro anual da Academia de Administração, em agosto.

Quem usa e-mail mente mais

Em um dos estudos, foi pedido a 48 estudantes integrais de MBA que dividissem US$ 89 entre eles e outra parte imaginária, que apenas saberia que eles estariam com uma quantia entre US$ 5 e US$ 100. Havia uma regra: a outra parte teria que aceitar o que lhe fosse entregue.

Usando e-mails e comunicados de papel, os estudantes tiveram que revelar o montante – real ou não – e quanto a outra parte iria ganhar. O resultado foi que estudantes que usaram e-mail mentiram em 92% dos casos, enquanto os que usaram o papel mentiram em menos de 64% das vezes. O resultado é impressionante: o índice de mentira entre os que usaram e-mail foi cerca de 50% maior do que entre aqueles que usaram papel e caneta.

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Além disso, aqueles que usaram e-mail disseram que tinham US$ 56 em mãos e que dariam US$ 29 para a parte imaginária. Os que usaram papel foram mais amigáveis. Eles afirmaram ter US$ 67 e deram US$ 34. “Não é apenas que quem manda e-mail é mais enganador. É que a magnitude do que eles mentem é significantemente maior”, disse Liuba.

Com base nestes dados, foi realizado um segundo estudo, com 69 estudantes integrais de MBA. O resultado foi que, quanto mais intimidade têm os profissionais, menor era o índice de mentira. Porém, as inverdades continuavam a existir.

Cuidado com a mentira

Aqui no Brasil, quem mente no e-mail pode acabar se prejudicando. “A maioria dos tribunais reconhece o direito das empresas de fiscalizar o uso do e-mail fornecido ao funcionário como ferramenta de trabalho e utilizar as informações como prova em ações judiciais”, explica a advogada trabalhista Juliana Fuza, do escritório Innocenti Advogados Associados.

Por isso, se você escrever uma coisa, mas, na realidade, fizer outra, a empresa pode usar do e-mail para comprovar que você mentiu. Todo cuidado é pouco!