Profissionais brasileiros estão tão qualificados quanto os de países desenvolvidos

Segundo multinacionais, no entanto, há escassez de talentos; brasileiros pecam por não possuir um segundo idioma

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Para as multinacionais instaladas no Brasil, a mão-de-obra do país é bastante qualificada, comparável a de países desenvolvidos, como Estados Unidos e Alemanha. De acordo com pesquisa realizada por universidades brasileiras, a maioria dos dirigentes elogiou a qualidade dos profissionais do país, principalmente no que diz respeito ao custo-benefício.

Os dados são do Projeto Políticas de Desenvolvimento de Atividades Tecnológicas em Filiais Brasileiras de Multinacionais, concluído pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), com o apoio da USP (Universidade de São Paulo) e da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Os dirigentes de empresas multinacionais, por sua vez, reclamaram da escassez de mão-de-obra qualificada no Brasil.

O fator é determinante para que as multinacionais optem por transferir centros de pesquisa e desenvolvimento para outros países considerados emergentes, como a Índia e a China.

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Falta conhecimento de línguas

Por mais que consultores em carreira e o mercado de trabalho apontem para a exigência de uma segunda língua, muitos profissionais ainda não investiram nesse tipo de conhecimento. Para se ter uma idéia, dados da Manager Assessoria em Recursos Humanos mostraram que, das 2.870 novas vagas abertas em novembro, 85,47% exigiam o domínio de inglês. O espanhol foi solicitado em 9,72% dos casos, e outro idioma, em 4,81% das empresas.

Mesmo elogiando a formação educacional, os dirigentes disseram que o conhecimento de outra língua deixa a desejar entre os profissionais brasileiros.

“Ainda que a qualidade tenha sido constantemente mencionada e relacionada ao ensino das universidades brasileiras, tanto as públicas como algumas particulares, existem outros limitantes importantes, além da falta de bons profissionais. A língua é um deles. Por diversas vezes, os dirigentes das filiais no Brasil associaram a dificuldade de conseguir mão-de-obra no Brasil com a falta de profissionais que falem inglês, principalmente entre os da área de tecnologia da informação”, disse a pesquisadora da USP e Unicamp, Flávia Consoni.

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Elogios para a mão-de-obra

Segundo Flávia, quando analisados os profissionais brasileiros, os argumentos estavam alinhados à qualidade dos serviços prestados. “As empresas informam que a mão-de-obra local é flexível, qualificada e competitiva em custo. A necessidade de mão-de-obra qualificada foi citada entre os argumentos que o empresariado utiliza para destacar as vantagens do Brasil e nas principais razões que levam a matriz a optar por investir nesse tipo de atividade no país”, disse.

Para a consultoria especializada em gestão de capital humano DBM, a demanda por profissionais de alto nível – chefia intermediária, gerência, diretoria, CEOs e conselheiros de administração – cresce de modo significativo a cada ano, o que torna mais provável um “apagão de talentos” no Brasil.

Em agosto, setembro e outubro de 2007, foram abertas 4,118 mil vagas para executivos, quantia que supera o dobro (+ 109%) do número de postos abertos no mesmo período de 2006, de 1,968 mil. De agosto a outubro de 2005, por sua vez, foram 2,188 mil vagas disponíveis para profissionais do nível executivo.