Preocupação com situação financeira de funcionário chega à pequena empresa

Empresas se preocupam com dívidas e ajudam funcionários a quitá-las, mas é preciso mais: educação financeira

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Há oito anos, a proprietária da indústria metalúrgica Alboss, Martha Christina Bosso, teve uma idéia: oferecer aos funcionários ajuda para quitar dívidas. Hoje, são mais de 171 casos resolvidos e R$ 81 mil negociados. Com a iniciativa, a empresa passa a ser exemplo de que a preocupação com as finanças dos funcionários já chegou às pequenas e médias empresas.

De acordo com Martha, o intuito do Programa de Recursos ao Funcionário (PRF) é resgatar a dignidade do colaborador, uma vez que a maioria dos profissionais contratados pela empresa costuma estar fora do mercado de trabalho há algum tempo e, então, é comum que estejam com dívidas.

A empresa negocia a dívida, com menor custo, à vista, e depois realiza desconto em folha de pagamento ao funcionário. “Os descontos vão de R$ 30 a R$ 150. O funcionário é quem diz como fica melhor para ele. Só pedimos que o empréstimo seja saldado no mesmo ano”, afirmou Martha.

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Medida reconhecida

A atitude da empresa foi reconhecida pelos avaliadores da II Mostra Sistema Fiesp de Responsabilidade Socioambiental e será apresentada durante evento que demonstra como é possível atuar de maneira responsável, independentemente do tamanho da empresa.

O conceito de responsabilidade socioambiental está ligado a um processo de ganha-ganha: se, por um lado, o funcionário passa a ter uma melhor qualidade de vida, sem preocupação com as dívidas, por outro, seu desempenho no trabalho melhora e, conseqüentemente, a empresa passa a ganhar em baixa rotatividade.

Questionada sobre o motivo da escolha da empresa, a diretora titular do Comitê de Responsabilidade Socioambiental da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Eliane Belfort, disse que é porque esta medida marca a chegada da preocupação financeira nas pequenas e médias empresas.

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“Grandes empresas já fazem isso, mas as pequenas não. São ações em que todos podem se espelhar”, afirmou Eliane, que também é vice-presidente do Conselho de Responsabilidade Social da Fiesp.

Não basta quitar a dívida

Eliane acredita que a questão financeira está relacionada com qualidade de vida. “A gente vem trabalhando em vários setores que promovem a qualidade de vida no trabalho. Acreditamos que, os colaboradores, para produzirem com qualidade, têm que ter qualidade de vida e um dos vetores para isso é a tranqüilidade financeira”.

Ela ressalta, porém, que apenas quitar a dívida do funcionário não basta. “É importante, mas é paliativo (tem eficácia momentânea). O importante é trabalhar com a educação financeira, também com a família”, explicou a diretora.

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É preciso, acima de tudo, ensinar ao funcionário como trabalhar com o dinheiro. Ela explicou que, até um tempo atrás, o brasileiro não tinha tanto crédito em abundância, mas agora tem e precisa estar preparado para isso.