Por que a Amazon paga US$ 5 mil para seus funcionários se demitirem

"Queremos que as pessoas que trabalham na Amazon queiram estar aqui", disse a porta-voz da Amazon, Melanie Etches 

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – A Amazon tem uma solução para os funcionários que não querem mais trabalhar lá: pagar até US$ 5 mil, cerca de R$ 18.500, para que deixem a empresa. Uma vez por ano, a empresa oferece essa oportunidade de escolha para os empregados que tenham pelo menos um ano de serviço por lá. Mas há uma ressalva: aqueles que aceitam a oferta nunca mais poderão trabalhar na Amazon. Os funcionários podem escolher sair ou não. 

“Queremos que as pessoas que trabalham na Amazon queiram estar aqui”, disse a porta-voz da Amazon, Melanie Etches, ao CNBC. “No longo prazo, ficar em algum lugar que você não quer não é saudável para os funcionários ou para a empresa”. 

A empresa oferece US$ 2 mil, cerca de R$ 7.400 para os funcionários que estão na empresa há um ano, e a oferta aumenta em US$ 1 mil por ano, chegando em até US$ 5 mil. 

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Este programa, chamado “Pay to Quit” (“Pago para Sair”, em tradução livre), foi criado pela varejista online de calçados Zappos, que a Amazon comprou em 2009. A Zappos só estendeu a oferta para seus funcionários mais novos, nas primeiras semanas de trabalho, e o “valor do abandono do emprego” foi definido em US$ 1 mil.

A Amazon alega que não quer que os funcionários aceitem a oferta. Então, por que se preocupar em apresentá-la?

“O objetivo é incentivar as pessoas a terem um momento e pensar sobre o que realmente querem”, afirma Jeff Bezos, CEO da empresa. E, de acordo com a Amazon, poucas pessoas realmente aceitam.

Considerando os altos custos associados à rotatividade de funcionários, incentivar os funcionários a sair pode soar como uma estratégia comercial contra-intuitiva. Mas, de acordo com Michael Burchell, especialista em cultura do ambiente de trabalho,  realmente a proposta aumenta o engajamento dos funcionários e é econômico no longo prazo.

Burchell diz que o engajamento dos funcionários é baseado em duas coisas, normalmente: compromisso de permanecer e esforço arbitrário. “Enquanto Pay to Quit pode não necessariamente forçar os funcionários a trabalhar mais, resolve a questão do compromisso de ter que ficar”, afirma o especialista. 

“Se você optar por não pegar o dinheiro e optar por ficar, significa que você está comprometido com a organização e comprometido com o seu trabalho”, diz Burchell.  

Como resultado, os funcionários que recusarem a oferta estão se comprometendo novamente com o contrato com a empresa, diz Burchell. “Isso os torna mais engajados, mais produtivos e, em última instância, aumenta a lucratividade da Amazon”, explica.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.