Políticas para trabalhadores mais velhos ainda são raras nas empresas, diz pesquisa

Levantamento iniciado neste mês defende a criação de programas destinados a aposentadoria que sejam mais adequados à realidade

Eliane Quinalia

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SÃO PAULO – Apesar de programas de preparação para a aposentadoria serem conduzidos pelas empresas, ainda são raras as que adotam políticas para os trabalhadores mais velhos. Ao menos é isto o que defende a professora de mestrado em psicologia, Lucia França, em sua recente pesquisa sobre as “Atitudes dos gestores de Recursos Humanos frente ao envelhecimento dos trabalhadores nas organizações”.

Segundo o levantamento, iniciado ainda neste mês pelo Programa de Mestrado em Psicologia da Universo – Universidade Salgado de Oliveira, com o apoio da ABRH-Nacional e da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), a expectativa é que, até o ano de 2050, existam apenas três trabalhadores para cada aposentado.

Isto porque, de acordo com as projeções do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o contingente de pessoas com 60 anos ou mais será similar ao de crianças, em detrimento da população economicamente ativa, o que trará uma expectativa de vida de 81 anos.

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Para Lucia, o problema se dará, no entanto, se o contingente de aposentados viver até os 100 anos. “Será preciso tomar medidas mais efetivas para manter tais profissionais na ativa, já que a Previdência não irá dispor de recursos para arcar com tantos benefícios de aposentadoria”, diz. Na opinião dela, as organizações, representadas por seus profissionais de Recursos Humanos, sindicatos, previdência pública e privada deverão discutir ações junto dos órgãos governantes que possam viabilizar algumas oportunidades de trabalho em regime parcial. Ou seja, de meio período.

Integração
Como solução, a professora defende a redução da carga horária para os profissionais mais velhos que exercerem cargos estratégicos nas empresas. Desta forma, garantir a integração deles ficará notoriamente mais fácil para todos, especialmente para a área de recursos humanos, que ainda questiona a capacidade laborativa e cognitiva dos idosos.

“É preciso promover a integração entre as faixas etárias para que os trabalhadores possam se valorizar e priorizar os trabalhos que tenham mais aptidão ou prazer em realizar”, alega.

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Um ponto, no entanto, exige atenção. Na opinião da professora, é importante garantir que estas pessoas não fiquem apenas à mercê do trabalho, mas que tenham tempo livre para manter os cuidados pessoais, com a saúde e ainda possam executar atividades de lazer.

O estudo
O intuito do estudo será avaliar qual a percepção da área de recursos humanos sobre esta perspectiva e o que, diante deste quadro, poderá ser feito para beneficiar os funcionários mais velhos das organizações.

A implantação ou otimização de programas de preparação desses funcionários para a aposentadoria, bem como a flexibilidade dos horários de trabalho e formas de compensação para manter os profissionais satisfeitos também será avaliada.

Para Lucia, a realização de tal estudo será de suma importância para as organizações nacionais. “É a primeira vez que um tema tão emergente como o envelhecimento no contexto empresarial será abordado em uma pesquisa nacional. As organizações que participaram da pesquisa obterão dados em primeira mão sobre os seus resultados – estes poderão subsidiar políticas, mudanças e alternativas necessárias para que o envelhecimento possa, de fato, ser um ganho e não um problema para a sociedade em geral”, diz.

Para os mais velhos
Para os profissionais mais velhos interessados em manter-se ativos, boas oportunidades costumam despontar em 15 companhias do globo. A informação é da AARP, organização sem fins lucrativos, que listou as melhores empresas para profissionais acima dos 50 anos trabalharem.

De acordo com a apuração, são elas: a agência federal de emprego alemã Bundesagentur für Arbeit; a BMW Group; Centrica PLC; Daikin Industries; DB Services; DSW21; Elkerliek Hospital; Jena-Optronik, GmbH; Lam Soon Edible Oils; Marks and Spencer PLC; National Australia Bank Limited; National Environment Agency; Raffles Institution; Salzburg AG e The Co-operative Group.