Pesquisa mostra que 30% dos estagiários atuam fora da área de interesse

Para diretor de centro de integração estudante-empresa, problema não está nos universitários, mas nas empresas

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – O objetivo do estágio é colocar em prática aquilo que se aprendeu nos bancos universitários, mas parece que alguns jovens não estão conseguindo atingir essa meta. Isso porque, de acordo com pesquisa realizada pelo CIPEE (Centro de Incentivo Profissional ao Estudante à Empresa), 30% dos cerca de 200 estagiários ouvidos disseram que não atuam na área de interesse.

Para o diretor do centro, Wilson Gomes Junior, o problema não está nos universitários, mas nas empresas. Elas contratam e simplesmente os colocam para exercer funções que não estão ligadas à carreira que pretendem seguir. “Quem faz administração até que pode atuar em outros segmentos, como no gerenciamento de clientes. Mas o estagiário de publicidade, por exemplo, tem que exercer a prática junto com a teoria”, afirmou.

Nestes casos, o estagiário deve procurar o RH (Recursos Humanos) da empresa, ou o responsável pelo programa de estágio, e delatar o problema. O diretor orienta aos estagiários que busquem o centro de integração de sua cidade. O CIPEE atua no interior de São Paulo, sendo o CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) o órgão que atua na capital.

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Empresas exploram?

Para Gomes Junior, as companhias abusam da sede de conhecimento dos estagiários. “O estudante chega na empresa com muita vontade de trabalhar e, em muitos casos, as empresas se aproveitam disso para explorar os estagiários, que acabam aceitando qualquer função”, afirmou. Mas quem sai perdendo não é somente o estudante.

Isso porque, de acordo com o diretor do CIPEE, a empresa perde a oportunidade de treinar uma pessoa que possa fazer parte do quadro de funcionários. “A empresa erra, porque sendo um bom estagiário, ele será um profissional para a empresa no futuro. Pode-se fazer um plano de carreira para ele”.

A pesquisa constatou que os estagiários que não atuam na área de interesse sequer chegam a completar o período determinado no contrato. “O estudante precisa desenvolver o que aprendeu, caso contrário, ele pode ficar desmotivado e até desistir da universidade”, afirmou.

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Rotatividade

Quando perguntado se é positivo para o estagiário ter bastante conhecimento, ou ser mais generalista, caso queira se estabelecer na empresa, Gomes Junior respondeu que sim. No entanto, o estudante deve passar por um rodízio na empresa e não simplesmente atuar em uma área que não tem relação nenhuma com aquela que pretende seguir. “Sou a favor do rodízio, mas na área que a pessoa estuda”, disse.