Olimpíada da superação: medalhistas do Brasil compartilham o que enfrentaram para competir na pandemia

Guilherme Benchimol, presidente do conselho da XP Inc., liderou um papo com atletas olímpicos e comentou sobre as similaridades com a vida do empreendedor

Giovanna Sutto

(Arte: Leonardo Albertino/InfoMoney)

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SÃO PAULO – Sob o lema: “o esporte transforma”, a XP Inc. anunciou em meados de maio que iria patrocinar o Comitê Olímpico do Brasil nas Olimpíadas de Tóquio e depois confirmou a extensão do patrocínio até Paris 2024.

Nesta quinta-feira (26), no último dia da Expert 2021, maior evento de investimentos do mundo, promovido pela XP Inc., Guilherme Benchimol, presidente executivo do Conselho de Administração,  recebeu cinco atletas olímpicos para um painel sobre “Os bastidores dos atletas”: Alisson dos Santos, bronze nos 400 metros com  barreira, Ana Marcela Cunha, ouro na maratona aquática, Bruno Fratus, bronze nos 50 metros livre na natação, Douglas Souza, do time do vôlei, e Mayra Aguiar, bronze do judô.

Os atletas compartilharam a o significado de participar desta edição dos jogos e alguns desafios em meio à pandemia. Confira os destaques.

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Olimpíada da Superação

O termo em comum que os atletas compartilharam foi a superação, após meses em casa devido à pandemia, medo de pegar a doença, e em muitos momentos sem a certeza até se a Olimpíada iria acontecer após o adiamento em 2020.

Alisson dos Santos explicou que aprendeu muito durante esse último ciclo olímpico, que culminou na primeira medalha para o atletismo brasileiro após 33 anos.

“Eu tive que persistir. Mas entendi que todos são capazes de conquistar o que desejam, se estiverem dispostos a lutar e correr atrás do sonho. Eu dei tudo de mim e valeu muito a pena. Conseguimos cumprir a missão e foi muito gratificante. Eu sou obstinado em dar o meu melhor, tentar minha melhor performance sempre”, diz.

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Para Sousa, que com o vôlei parou na seleção da Argentina na disputa do terceiro lugar, a participação nesta edição foi especial.

“É superação minha palavra. Fiquei 5 meses dentro de casa sem sair, sem poder fazer nada. Quando retornei para os campeonatos, senti muito fisicamente. Em dezembro e janeiro eu não conseguia fazer um treino completo. Por isso, sou grato só de ter sido convocado e ter participado”, afirmou.

Ana Marcela acredita que essa olimpíada foi sinônimo de reinvenção. “A gente teve que se reinventar muito desde o adiamento dos jogos, tivemos que refazer o planejamento, tudo foi muito intenso. Trazer essa medalha para casa é símbolo de muita alegria”, diz.

Para Fratus, o bronze foi ouro. “É a medalha da insistência, da resiliência. É a de alguém que se recusou a desistir mesmo depois de decepções olímpicas, mesmo com insegurança, mesmo com a pandemia. Eu escolhi acreditar e valeu cada segundo”, disse o nadador que chegou em três finais dos 50 metros livre três vezes consecutivas.

Mayra enfrentou a pior lesão da sua carreira em 2020, se recuperou e garantiu o pódio pela terceira vez em Olimpíadas.

“Todo dia era uma adaptação. De como treinar, como tirar o melhor que eu tinha para o momento. Quando você começa a fazer judô, a primeira coisa que te ensinam é como cair. E isso é muito poderoso, a aprender a cair e a levantar é a lição que tiro do esporte”, afirmou a judoca.

Benchimol afirma que investir no Comitê Olímpico partiu de uma paixão própria pelo esporte, e que na verdade essa vida de atleta tem semelhanças com a vida de empreendedor.

“A resiliência, o foco, a superação: a vida esportiva é muito parecida com a vida do executivo ou do empreendedor. Nada é fácil, não é à toa que as pessoas conquistam vitórias. Elas são resultados de muito sofrimento, dor, dúvidas. Por isso, na XP quero pessoas que sejam obstinadas: ou seja, que sabem o que elas querem e independentemente de quantas vezes caírem vão se levantar”, afirmou durante o painel.

Saúde mental

Outro tópico que ganhou relevância durante a Olimpíada foi a saúde mental, principalmente após a desistência da ginasta Simone Biles de competir em diversos aparelhos.

“Me recuperei de um problema no joelho e o esforço foi diário para chegar bem física e mentalmente. Em cada queda que eu tive, eu pensava: ‘isso vai me fortalecer’. Mas não foi fácil, sem um suporte emocional teria sido muito difícil. Esse último ano foi muito duro, o pior da minha carreira e da minha vida pessoal. Mas me tornou mais forte”, conta Mayra.

Ela conta que o foco é tudo na hora da competição. “Era um dia para mostrar o que você fez em cinco anos. Imagina a pressão. E você pode cair em dez segundos. É duro. Eu tentei me manter no presente e viver intensamente, afinal é o auge da vida do atleta viver uma olimpíada”, diz a judoca.

Ana Marcela manteve durante um ano uma foto de medalha de ouro como tela e bloqueio do celular.

“Eu cheguei completamente focada e determinada para essa olimpíada. Mais do que nas outras vezes. E foi o diferencial. Na média são 80 km por semana de treino, sendo que algumas semanas foram 100 km. Isso para duas horas de prova em que você precisa estar concentrado, deixar a mente livre é muito difícil. É um processo”, contou.

“Para mim, o diferencial foi um conjunto: melhora técnica e uma mudança de mentalidade”, conta Fratus.

Ele afirma que competiu muito mais nesse último ciclo olímpio. “Eu escolhi me expor, participei de praticamente todas as etapas dos circuitos americano e europeu. E com a mentalidade de ganhar a prova, de ser competitivo”, conta.

Mas foi uma última frase antes da prova que o incentivou. “Minha esposa e treinadora, Michele, me disse: permita-se ser feliz. Quando eu ouvi isso, um peso saiu das minhas costas. Eu decidi tirar a cara carrancuda e me deixei levar pela gratidão de estar ali. Terceira final olímpica seguida. Essa frase mudou tudo, foi um clique na minha cabeça que espremeu o melhor que eu tinha para dar”, afirma.

No vôlei, o processo é diferente, afinal, são vários sets, vários jogos com momentos de altos e baixos. “É um processo fortalecer a parte mental. Em um jogo são várias emoções. Você precisa controlar a euforia, administrar a insegurança e o momento ruim do set. Saber perder o jogo e recuperar a confiança para o próximo. Estar bem emocionalmente é crucial para uma performance boa”, disse Sousa.

“Eu procurei terapia na pandemia, me ajudou muito. A vida de atleta é como qualquer outra profissão: nem sempre estamos 100%. Somos seres humanos e precisamos aprender a lidar com isso em qualquer ambiente, seja qual for sua profissão”, disse.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.