No Brasil, Obama diz que salvou a economia mundial e lembra dia mais difícil como presidente

Ex-presidente dos EUA voltou a lembrar o atentado de Sandy Hook onde morreram 20 crianças  

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Barack Obama, 44º presidente dos Estados Unidos, sabe que seu governo não foi perfeito, mas diz ter muito orgulho do que conquistou no cargo. Em apresentação durante o Vtex Day, em São Paulo, ele falou sobre sua trajetória, erros, acertos e aflições enquanto representante do povo americano.

Notório defensor do desarmamento, o ex-presidente disse à plateia que seu dia mais difícil no cargo foi o atentado de Sandy Hook, onde 20 crianças de uma escola infantil e sete professores foram mortas por um atirador, que posteriormente tirou a própria vida.

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“Alguns aqui podem não conhecer as leis para comprar armas nos Estados Unidos: elas não fazem o menor sentido”, disse Obama em meio a aplausos da plateia. Ele lembrou que suas filhas tinham idade próxima à das crianças que morreram naquele 14 de dezembro de 2012. “Ter de falar com os pais que perderam os filhos foi muito difícil”, complementou.

“E não pude nem prometer que mudaria a lei para evitar que algo assim ocorresse com os filhos de outras pessoas. Isso foi a maior frustração”, disse o ex-presidente. “Esse dia, essa emoção, foi muito difícil para mim”.

Os motivos de orgulho

Obama também falou sobre o que considera os maiores trunfos de seu governo. Um motivo de orgulho do americano é ter, segundo ele próprio “salvado a economia mundial”.

Presidente entre 2009 e 2017, Obama recebeu um país totalmente fragilizado pela recessão de 2008, cujo gatilho foi o colapso das hipotecas subprime. “Muitos podem não lembrar como a economia estava [naquela época]”, disse ele ao lembrar os empregos que criou e os bancos que optou por salvar. “Não foram só os EUA [que salvamos], foi o mundo inteiro”, diz, lembrando o estrago que a crise criou em todo o planeta. 

Seus projetos nas áreas de saúde (“atendimento para 20 milhões de americanos”) e a participação no Acordo Climático do país (“apesar de o meu país agora estar fora do pacto”) foram outros pontos listados pelo ex-presidente, além da criação de suas filhas. “Tive medo que elas crescessem meio doidas com um pai presidente e uma mãe primeira-dama”, lembrou, com uma pitada de humor.

Mas seu principal orgulho teria sido manter 8 anos de administração sem que nenhum membro de sua equipe protagonizasse um escândalo. “Cometemos erros, mas mantivemos a nossa integridade”, garantiu o ex-presidente, comemorando o fato de poder ser usado como um “exemplo de pessoa que não foi corrompida pelo poder. “A liderança suja não é o tipo que dura”, complementou.

Elogio à diversidade

Único negro a ocupar a Casa Branca, Obama voltou a creditar sua trajetória à diversidade das pessoas ao seu redor.

Segundo ele, uma pessoa “é tão boa quanto o time que constrói” e ter representantes de grupos diferentes de si em sua equipe é essencial para “não perder algo”. “Todos temos pontos cegos”, disse ele ao tratar da importância de ter mulheres e negros em mesas de reunião. “A melhor parte da educação é ver pelos olhos dos outros”.

Dentro desse tópico, Obama defendeu a imigração usando o exemplo do basquete. “Oscar Schmidt não teve a oportunidade de jogar na NBA, mas hoje estrangeiros têm essa chance”, disse, lembrando o lendário jogador brasileiro. “Em partes, é por essa diversidade que a NBA nunca foi melhor”.

Apesar da crítico à desigualdade e à forma como o planeta vem lidando com os recursos naturais, Obama finalizou seu discurso com tom de esperança. “É preciso manter o otimismo”, disse. “Ao longo dos anos, as pessoas foram ficando mais saudáveis, mais ricas, mais educadas e menos violentas. Não há garantia de que a evolução continuará nesse sentido, mas há esperança”, pregou.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney