No Brasil, bilionário Richard Branson conta algo que odeia, dá dicas e comenta “maiores problemas do país”

“Aprendi a educadamente dizer não, mas odeio. Nos negócios, é muito mais divertido dizer sim

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Excêntrico e filantropo são duas das características mais marcantes e notáveis de Richard Branson, o bilionário fundador da Virgin, que compareceu nesta terça-feira ao evento Vtex Day, em São Paulo. Somados ao empreendedorismo e aos bilhões na conta, esses adjetivos marcam basicamente todo o discurso do executivo para uma plateia de entusiastas dos negócios e tecnologia.

“Oitenta por cento do meu tempo agora é dedicado a causas em que eu acredito”, comenta, no palco, o britânico. Nos negócios, sua trajetória começou aos 15 anos, quando lançou uma revista estudantil. Já aos 20, era dono de uma gravadora de música, que em 2 anos se tornou uma rede. Desde então, a gama de negócios da Virgin só cresce: companhia aérea, rede de hotéis e empresa aeroespacial são apenas alguns dos mais de 400.

Conhecido como “o homem do sim”, Branson disse, em coletiva realizada ao final de sua fala no palco principal, ter finalmente aprendido a dizer não “educadamente”. Mas acrescentou que simplesmente odeia ter que fazer isso.

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“Quase todo segundo temos algo novo chegando à Virgin. Há alguém tentando um pitching o tempo inteiro, então eu tive que aprender a dizer não. E eu odeio fazer isso”, conta. “Nos negócios, é muito mais divertido dizer sim”.

Loucuras

Usar a si mesmo para promover seus negócios foi o que trouxe fama inicial a Branson, e ele não se arrepende de nenhuma loucura que fez, mesmo as que “deram muito errado”. Sem dinheiro quando começou, Branson fazia dos holofotes a sua publicidade. Vestir-se de pirata nos terminais da Virgin Atlantic, operar o voo inaugurar e chegar perto da morte durante um voo de balão com a logomarca de suas companhias foram apenas algumas delas.

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Isso, para ele, segue sendo válido para quem busca alavancar um novo negócio. “Funciona e, de quebra, você consegue se divertir, dar umas boas risadas”, comenta.

Por outro lado, o maior conselho que dá aos empreendedores não é esse, e sim que eles “apenas façam”. Mesmo sem dinheiro, diz Branson, “se você tem uma ideia que acredita que melhorará a vida das pessoas, realmente faça, não fique apenas falando. Acho que esse é meu conselho”, diz.

Problemas

Ele também falou sobre o que considera os maiores problemas do Brasil. “Tem dois grandes problemas. Um deles é a destruição da Floresta Amazônica”, destaca. Será “vergonhoso” para a geração de agora, ele diz, que se permita a destruição do que acredita ser o maior bem do nosso país. “Precisamos pensar no futuro”.

Em seguida a essa fala, Branson interrompeu as perguntas dos jornalistas para fazer sua própria. “Quem sabe o que aconteceu na Cracolândia nos últimos dias?”, provocou, elogiando em seguida os programas sociais que a gestão anterior de São Paulo criou e serão descontinuados.

Ferrenho defensor do fim da guerra às drogas e da descriminalização, Branson acredita que a América Latina deveria lidar com a questão da dependência química com educação e cuidados. Com uma legalização de certos produtos, “os impostos com a venda de drogas poderiam ser usados para educar e conscientizar as pessoas”, pondera. “Se os Estados Unidos estão legalizando a maconha, por que a América Latina deveria fazer diferente?”, questiona.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney