Músicos temem receber menos após compra da Beats pela Apple

A Apple se tornou uma aliada dos músicos ao vender canções e álbuns no iTunes

Bloomberg

Publicidade

29 de maio (Bloomberg) — A musicista Zoë Keating olha sua planilha de ganhos e se lembra por que tem dúvidas sobre a compra da Beats Electronics pela Apple Inc.

A violoncelista ganhou US$ 38.196 com downloads no iTunes, da Apple, no ano passado, além de US$ 34.000 por meio de outros três serviços de download. Como comparação, cinco portais de streaming, de empresas como Spotify Ltd. e Pandora Media Inc., renderam a ela apenas US$ 6.381.

O plano da Apple de adquirir a Beats Electronics e a Beats Music por US$ 3 bilhões provavelmente mudará essa relação, já que a fabricante do iPhone está apostando mais no streaming. A Apple se tornou uma aliada dos músicos ao vender canções e álbuns no iTunes, reduzindo o controle da pirataria sobre a indústria e dando exposição a artistas menos conhecidos. À medida que os consumidores deixam de comprar, artistas como Keating temem que os serviços mais novos de assinatura pagarão muito menos em royalties.

Masterclass

O Poder da Renda Fixa Turbo

Aprenda na prática como aumentar o seu patrimônio com rentabilidade, simplicidade e segurança (e ainda ganhe 02 presentes do InfoMoney)

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“Os downloads do iTunes me ajudam a pagar a prestação da casa”, disse Keating, em uma entrevista. “A menos que você seja uma superestrela, você não pode contar com o mesmo dos serviços de streaming. Eu e muitos dos meus amigos músicos estamos preocupados com isso de mudar os compradores de música para ouvintes de música”.

Este é o dilema também para a indústria de gravação, que está descobrindo que o streaming, embora em crescimento, não está compensando a queda nas compras, tanto físicas quanto on-line.

Em todo o mundo a previsão é que a receita da indústria de gravação caia nos próximos anos em relação à estimativa de US$ 19,6 bilhões em 2014, com base em dados da Strategy Analytics, uma empresa de pesquisas sobre o setor. O streaming mobile e on-line, incluindo assinaturas e receita com anúncios, se tornarão a segunda maior fonte de receita, atrás dos gastos em CDs e vinis.

Continua depois da publicidade

Vendas ruins
“A pergunta que todos na indústria estão fazendo é se o gasto em streaming crescerá a ponto de compensar a queda com o gasto físico, que nunca se recuperará, e com downloads, que estão em uma baixa constante”, disse Leika Kawasaki, analista da Strategy Analytics.

A resposta até aqui é não, o que também é um problema para músicos conhecidos, não apenas para Keating.

Thom Yorke, do Radiohead, e sua banda Atoms for Peace tiraram as músicas do Spotify no ano passado, informou o Wall Street Journal, dizendo que os grandes selos negociaram taxas de royalty que rendem pouco para os músicos. Entre outros reclamantes famosos com disponibilidade limitada no serviço de streaming estão o Black Keys e o AC/DC.

Boa vontade
A Apple, que tem sede em Cupertino, Califórnia, e goza de uma certa boa vontade entre os artistas, pode se tornar a solução dos problemas novamente. A loja do iTunes coloca as faixas de Keating em pé de igualdade com as de Rihanna e U2, com páginas web que apresentam tanto famosos quanto artistas independentes.

Com os discos físicos em queda, Beyoncé escolheu o iTunes para lançar seu quinto álbum solo em estúdio, enquanto artistas independentes como o rapper Macklemore têm usado a Apple para eliminar o intermediário e chegar à fama sozinhos.

“A música é uma parte muito importante do DNA da Apple e sempre será”, disse Eddy Cue, vice-presidente sênior de serviços de internet e software da empresa, ontem, no comunicado que anunciou o acordo da Beats. “A aquisição da Beats tornará nossa linha de produção musical ainda melhor, desde o streaming grátis com o iTunes Radio até o serviço de assinatura de classe mundial Beats, e é claro com a compra de músicas na iTunes Store, como os clientes amam fazer há anos”.

Tom Neumayr, porta-voz da Apple, não retornou um telefonema em busca de comentário adicional.

Keating ainda busca uma esperança.
“Algo que esperávamos e algo que temíamos era o dia em que a Apple adotasse o streaming”, disse ela. “Se eles puderem comunicar de forma bem-sucedida que se importam com o artista, que querem que sua história seja contada e ainda manterem a aquisição de músicas possível, estarão fazendo tudo que todos desejam”.