Mulheres do mercado financeiro: como elas administram o lar e a carreira

Vice-presidente da Apimec fala de preconceito e das diferenças entre mulheres e homens do mercado financeiro

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – “A presença feminina vem aumentando em todas as áreas, inclusive no mercado financeiro, particularmente nas áreas de compliance, custódia e controladoria”, avisa a vice-presidente da Apimec Nacional (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), Maria Cecilia Rossi.

Segundo ela, as mulheres ocupam postos variados, dos níveis iniciais da carreira técnica – analistas juniores e plenos – às altas gerências. “Acho que a menor presença de mulheres nos altos postos diretivos decorre do fato de que elas tendem a distribuir suas fontes de satisfação em várias cestas, seguindo em suas vidas o princípio fundamental das finanças: diversificar para mitigar risco”, analisa.

Em outras palavras, essas profissionais não buscam apenas uma carreira bem-sucedida, uma vez que priorizam o equilíbrio, construindo relacionamentos saudáveis com familiares e amigos, fazendo a casa funcionar em harmonia e investindo em si mesma, na própria educação continuada, por exemplo.

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“Acho que a mulher tem mais clareza quanto à necessidade de busca por equilíbrio, mas o homem também já está despertando para os ganhos decorrentes dessa opção”, opina Cecilia.

Preconceito

Apesar de muito abordada, a questão do preconceito, na avaliação da vice-presidente da Apimec, não reflete a realidade atual. É verdade que as pesquisas mostram que os salários das mulheres ainda são menores, no entanto, é crescente a presença no mercado de trabalho de homens cujas mães têm uma carreira. “Isso vem minando na base o preconceito.”

“A mulher está consciente das exigências do mercado e zela pela continuidade de sua carreira. Conheço um grande número de executivas que, mesmo em licença-maternidade, optaram por voltar antes ao trabalho, conectadas à distância ou presentes em período parcial, não por medo de perder o lugar, mas por genuíno interesse no trabalho e pela satisfação que dele extraem”, acrescenta.

No que se refere ao salário, a vice-presidente afirma que as mulheres esperam ser reconhecidas, enquanto os homens exigem esse reconhecimento. “Eles são também mais sensíveis a ofertas que envolvam maior remuneração, ainda que o aumento não seja substancial.”

“As mulheres valorizam outras questões, além da remuneração, como a reputação e a facilidade logística em relação a sua vida pessoal. Por isso, tendem a ficar mais tempo em uma mesma empresa, ainda que não estejam plenamente satisfeitas com a remuneração”, acrescenta. De qualquer maneira, a perspectiva é de redução dessa diferença.

As diferenças

Do ponto de vista de Cecilia, os homens são mais impulsivos e arrojados. “Até por isso, se sobressaem mais – não só para o bem, mas também para o mal. Por exemplo, os recentes grandes escândalos financeiros, por exemplo, envolveram apenas homens. Já as mulheres são mais perfeccionistas, cobram muito de si e dos outros, o que é positivo, pois existe uma tendência de valorização das áreas de middle e compliance, nas quais essas qualidades são muito importantes.”

Quanto à liderança, ela acredita que a mulher está mais disposta a ouvir a equipe e a buscar consenso. “Isso pode ser bom ou ruim, dependendo da área e do momento”, diz.

Quando questionada sobre como as mulheres conseguem administrar a carreira e a casa, a profissional responde que elas sabem fazer escolhas, aceitando as perdas decorrentes delas. “Acho que ela consegue, porque vai apurando o senso do que é essencial e do que é passível de ser delegado a outros, seja no trabalho, seja na vida pessoal.”

Confira, na tabela abaixo, o número de mulheres que atuam no mercado financeiro, conforme dados da Apimec:

Mulheres que atuam no mercado financeiro
Local Total de associados Mulheres
São Paulo 474 89
Minas Gerais 222 31
Distrito Federal 348 44
Rio de Janeiro 359 55
Nordeste 223 36
Sul 372 30

Fonte: Apimec