Mercado precisa de mais profissionais com espírito olímpico

"As pessoas estão preferindo primeiro receber a medalha para depois correr atrás", diz diretor do Grupo Bridge

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Nesta Olimpíada, ao assistir aos jogos, tente notar como os atletas se superam para ganhar a almejada medalha. E a superação não é só física, mas também mental. Pode-se dizer que os sonhos movem montanhas. “O meu segredo é primeiro sonhar. Depois, ter muita perseverança para buscar esse sonho. Não devemos desistir nunca”, conta o empresário Gustavo Borges, quatro vezes medalhista olímpico de natação e quatro vezes recordista mundial.

Para o head of costumer service do site global de empregos MONSTER.COM, Kleyton Silva, existem habilidades e talentos nos atletas que devem estar presentes nos profissionais de diversas carreiras.

“Habilidade para o trabalho em equipe, determinação, competitividade, motivação, vontade de vencer e encarar desafios e responsabilidade no cumprimento de metas”, cita ele. “Todas essas habilidades são bastante procuradas pelos recrutadores. Afinal, hoje em dia, não basta ter diploma de uma universidade de renome para ter uma carreira de sucesso”.

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Silva explica que isso acontece porque a competição entre as empresas está cada vez mais acirrada, o que as obriga a selecionar profissionais que, além de uma sólida carreira acadêmica, tenham também as referidas habilidades. “Por isso, é recomendável incluir no currículo atividades esportivas regulares que o candidato pratica, especialmente as que envolvem participação em competições esportivas”.

Mercado carece de profissionais atletas

O sócio-diretor do Grupo Bridge, Celso Braga, considera interessante a comparação entre o mundo corporativo e o mundo dos esportes, mas lamenta a ausência de garra na maioria dos profissionais.

“Hoje se fala muito em garra, superação, esforço, aprendizado, treinar até o limite… Porém, esta não é a realidade do mercado de trabalho. Atualmente, as pessoas estão preferindo primeiro receber a medalha para depois correr atrás. Existe uma tendência de desejar que as facilidades sejam oferecidas primeiro. Os trainees, por exemplo, estão chegando nas empresas querendo estar com a carreira pronta em dois anos”, enfatiza Braga.

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Ele afirma que o profissional que tem dentro de si o espírito guerreiro, que vai atrás, acaba se destacando no mercado. “É um diferencial”, conta, ao explicar a importância de uma das competências mais exigidas pelas empresas nos últimos três anos, segundo ele: a visão sistêmica.

Quem tem essa visão possui um conhecimento de si mesmo superior na comparação com os demais e enxerga como está posicionado na empresa e no mercado. Ou seja, entende o contexto no qual está inserido e sua complexidade, de forma que consegue tomar decisões melhores e se antecipar.

E o que a visão sistêmica tem a ver com a atitude olímpica? Para ir a uma competição como as Olimpíadas, o atleta se prepara no mínimo quatro anos antes. Ele se antecipa e tem a paciência que hoje faltam aos profissionais. “As empresas sabem que precisam de profissionais com esse perfil. Mas as pessoas estão querendo as coisas muito prontas. É vital que o profissional entenda que, para conseguir uma medalha, terá que fazer muito”, diz o sócio-diretor do Grupo Bridge.

Metas

Para Gustavo Borges, o importante é que o profissional estabeleça metas mensuráveis, de curto, médio e longo prazos, assim como os atletas. “Ter capacidade para ajustar essas metas conforme o desenvolvimento do trabalho, aprender com os primeiros erros e ter muita perseverança para alcançar bons resultados. Tudo isso é necessário”, afirma.

O coach e conferencista em Desenvolvimento Humano e Diretor da UP Treinamentos e Consultoria, Carlos Cruz, avisa que os atletas têm metas bem definidas. “Eles sabem exatamente aonde querem chegar, daqui a seis meses, daqui a um ano… Mas também sabem que, para tal, é necessário desenvolver algumas competências físicas e emocionais”.

Cruz garante: o sucesso é uma jornada, e não um destino. “O profissional precisa saber como deseja estar daqui a cinco anos e se questionar: o que preciso fazer para alcançar essa meta?”. Por isso, de acordo com ele, é vital ter foco e gerenciar a distração. “As distrações podem ser internas, como emoções e pensamentos, e externas. Por exemplo, um atleta precisa ter uma boa alimentação. Logo, um chocolate pode ser uma distração”.

Cruz finaliza lembrando que “um desejo sem ação é um sonho; uma ação sem desejo é passatempo; já um desejo ligado a uma ação e um propósito é o que possibilita a realização profissional e pessoal”.

Derrotas e perdas

Borges lembra que nem sempre as metas são atingidas. “O atleta lida o tempo todo com eventuais derrotas e vitórias. O grande campeão já passou por muitas derrotas antes de chegar ao pódio. Então, saber lidar bem com as dificuldades é o que faz a diferença para conquistar vitórias e ser feliz”, garante.

O coach da Sociedade Brasileira de Coaching, Alex Mello, que está se especializando em coaching de performance para atletas e empresários, sublinha que não atingir metas e sair perdendo das situações é absolutamente normal.

“O profissional deve elaborar uma planilha de perdas e ganhos, para aprender a lidar com as perdas. Para cada perda, há um ganho, um aprendizado, assim como para cada ganho, há uma perda. O ser humano está sempre fazendo escolhas, permutando umas coisas por outras. Por exemplo, para um empresário ter sucesso, ele pode ter que passar muitas noites na empresa, abrindo mão do tempo com os filhos”, diz Mello.

Superando períodos de baixo rendimento

Além das derrotas, os esportistas precisam lidar com lesões, períodos de baixo rendimento e pressão. “Lesões são, sem dúvida alguma, desagradáveis para os esportistas. Não só por conta da dor, mas também porque eles saem de uma situação na qual eram bem cotados”, afirma Mello. “Se um atleta se machuca, é porque foi além do seu limite. É importante dar 120%, mas o desafio é saber se preparar antes. As pessoas devem se questionar: estou pronto para dar 120%?”.

Para o coach, a autoconfiança é essencial para ser bem-sucedido, seja no mundo dos esportes, seja no mundo corporativo. “A autoconfiança conta muito nos resultados. Ela também é essencial para superar a pressão sentida. O atleta bem-sucedido percebe a pressão de forma sistêmica e, com confiança em si e em seu trabalho, não se deixa abater”.

Já para Kleyton Silva, do MONSTER.COM, a palavra que norteia os atletas é motivação. “A motivação dos atletas em períodos de contusões ou baixa performance são essenciais para o sucesso. Todos nós deveríamos nos inspirar nesses exemplos”.