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Mercado de trabalho: até quando a crise não deve afetar os empregos?

Pelo menos para 2008 é esperada a marca histórica de 2 milhões de novas vagas criadas; mas, para o próximo, ritmo deve desacelerar

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Até agora, a crise financeira internacional não causou impactos no mercado de trabalho brasileiro. Prova disso é que o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, afirmou que o País vai fechar o ano ultrapassando a marca inédita de 2 milhões de novas vagas formais. O montante é 30% superior ao registrado no ano passado (1,6 milhão).

“É evidente que, em uma economia globalizada, crises como essa produzem reflexos, principalmente no setor de exportação, mas a geração de empregos no Brasil possui bases sólidas. O aumento real do salário mínimo e os investimentos em infra-estrutura fortaleceram o mercado interno. O consumo continua forte e o emprego está crescendo em todos os setores e regiões”, disse.

De acordo com ele, a atual crise é dos Estados Unidos. “Para ter a real dimensão do seu impacto no Brasil, basta comparar a situação dos nossos bancos com a dos norte-americanos”.

Para 2009

No próximo ano, o número de novas contratações deve diminuir, resultado da crise econômica. Segundo o economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Sérgio Mendonça, a previsão mais ou menos segura é de que a economia nacional vai crescer menos, com diversos efeitos que devem culminar em um crescimento de 3,5%.

“Este ano, é possível que tenhamos dois milhões de novos empregos formais, pelos dados do Ministério do Trabalho, mas dificilmente nós vamos repetir isso”, disse.

Conforme ele explicou à Agência Brasil, como se tem anualmente um grupo de pessoas que entra no mercado de trabalho, pode ser que o desemprego se estabilize e não continue caindo ou tenha até um ligeiro crescimento, na hipótese do cenário de crescimento de 3,5%.

Os mais afetados

Os empregos menos seguros estão nos setores automobilístico, da construção civil e de exportação. “São setores que dependem do crédito e não vai haver ritmo [de empréstimos], até porque uma parte da população já comprou e está endividada por um período longo”, afirmou o economista do Dieese.

Já para o professor de economia da FGV (Fundação de Getulio Vargas), Francisco Fonseca, em um primeiro momento da crise, os trabalhadores sairão perdendo, porque há tendência de diminuição das contratações e aumento de demissões em todos os setores. “Toda vez que há uma crise no capitalismo, o primeiro que paga é o trabalhador. Isso é histórico”.