Média salarial do trabalhador com ensino superior cai na última década

Queda de 6% nos salários dos profissionais graduados foi maior que a observada entre as pessoas com ensino médio, que registrou recuo de 4,4%

Edilaine Felix

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SÃO PAULO – A média salarial de pessoas com nível superior no Brasil caiu 6% entre os anos 2000 e 2010, de R$ 4.317,00 para R$ 4.060,00, aponta o estudo “Talentos – As profissões e o mercado de trabalho brasileiro entre 2000 e 2010”, realizado pela BRAiN (Brasil Investimentos & Negócios).

A queda nos salários dos profissionais graduados foi maior que a observada entre os profissionais com ensino médio, que registrou recuo de 4,4%, com os rendimentos passando de R$ 1.378,00 para R$ 1.317,00. O diferencial de salários entre os trabalhadores com ensino superior e com ensino médio declinou de 213% para 208%.

Para o diretor de pesquisas da BRAiN, André Sacconato, seria difícil compatibilizar a queda observada em termos absolutos e relativos com um hipotético “apagão” de mão de obra qualificada, uma vez que “se a demanda estivesse crescendo a uma taxa superior à da oferta por ensino superior, os diferenciais de salários nesse nível deveriam aumentar”.

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Profissões
Enfermagem, administração de empresas, turismo, farmácia, marketing e terapia e reabilitação, apresentaram aumento na proporção de formados. No entanto, outras profissões tiveram forte alta nos salários, mas queda entre formandos, entre elas, arquitetura, engenharias, economia e ciências sociais.

No ano 2000, a área de engenharia civil formou 141,8 mil profissionais, contra 146,7 mil em 2010. Assim como medicina que passou de 207 mil formados em 2000 para 225 mil em 2010. Por outro lado, em administração, houve avanço de 594 mil profissionais em 2000 para 1,5 milhão em 2010.

Enquanto a porcentagem de matrículas no ensino médio cresceu aproximadamente 44%, o número de matriculados nos cursos de graduação aumentou mais de 80%.

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O total de pessoas com ensino médio completo cresceu 85% entre 2000 e 2010, passando de 14,8 milhões para 27,4 milhões. Já o total de pessoas com ensino superior, incluindo pós-graduados, cresceu quase 97%, passando de 5,4 milhões para 10,6 milhões no mesmo período.

Ao considerara a porcentagem de pessoas qualificadas com idade acima de 24 anos, o total com ensino médio cresceu 43%, enquanto a parcela com ensino superior avançou 52%.

Brasil cresce, mas nem tanto
No Brasil, apenas cerca de 10% dos adultos têm nível superior, enquanto na Itália e no México essa parcela atinge 15% e no Chile é de quase 25%. Na França, o total de pessoas com ensino superior é próxima à média da OCDE (30%), enquanto na Coreia e nos Estados Unidos está em torno de 40%.

A pesquisa mostra que o total de pessoas com ensino superior no Brasil cresce de maneira desigual. A região Sudeste apresentou recuo de 6% em relação às regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte, cada uma com um crescimento de 2%. A região Sul representou 16% do total da oferta.

Participação no mercado
A participação de mulheres com ensino superior era de 56% em 2000 e chegou a quase 60% em 2010. O avanço ocorreu na maioria das áreas, exceto para os cursos de computação, física e estatística. Em contrapartida, em filosofia, área em que as mulheres eram maioria em 2000, com 58%, houve uma queda para 45% do total em 2010.

Os setores com maiores crescimentos da participação de trabalhadores em ocupações típicas foram os de pedagogia, terapia e reabilitação, medicina, ciências humanas e letras. Além desses, a maioria dos cursos de exatas também apresentou crescimento no período analisado.

Os maiores desníveis em relação à qualidade das faculdades e ou dos formados são observadas nos cursos de economia, direito, produção e processamento. Já os cursos da área de educação, farmácia e terapia e reabilitação foram os menos desiguais com relação à distribuição dos rendimentos.

Foi registrada queda na desigualdade apenas entre os formados em contabilidade e administração de empresas. Para os demais cursos, houve crescimento desde apenas 1% (computação) até 45% (enfermagem).