Mais de um quarto da população brasileira não foi atendida pelo PNBL, diz Ipea

Em seu 'radar' tecnológico, Instituto observa que é preciso considerar a realidade da população de baixa renda

Viviam Klanfer Nunes

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SÃO PAULO – Em boletim que aborda temas voltados à tecnologia, produção e comércio exterior, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) tratou do segundo desafio do PNBL (Plano Nacional de Banda Larga). O instituto destaca, na publicação divulgada nesta segunda-feira (5), que mais de um quarto da população brasileira ainda não foi atendida pelo Plano.

Esse volume de aproximadamente 16,5 milhões de domicílios é formado sobretudo por famílias com renda inferior a cinco salários mínimos. Deste total, quase 11,5 milhões estariam concentrados na faixa de até dois salários mínimos. Outros 2,9 milhões são de domicílios com renda de 2 a 3 salários mínimos e 2,1 milhões com renda de 3 a 5 salários mínimos.

Inclusão dos brasileiros
O Ipea observa que esses dados são importantes para que os novos planos de inclusão sejam elaborados. O instituto destaca que é preciso conhecer a situação das famílias de baixa renda. Em primeiro lugar, é prudente observar a renda dessa população, que, com um orçamento limitado, não tem condições de adquirir bens e serviços de telecomunicações.

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Outra questão que é preciso levar em consideração é o fato de que o rendimento dessas famílias é irregular, devido ao fato de que boa parte de seu salário provém de trabalhos realizados como profissionais autônomos ou do mercado de trabalho informal.

Além da renda, a proximidade que essa população tem com as TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) também deve ser levada em consideração. De acordo com o Ipea, pesquisas indicam que o acesso a computadores e à internet banda larga ainda está muito distante da realidade dessas famílias.

Os hábitos de consumo dos serviços de telecomunicações dessa parte da população são outro fator que o Ipea menciona. Normalmente, a utilização dos celulares é bastante ampla e o plano mais comum é o pré-pago. Esses usuários utilizam mais os aparelhos para receber do que para efetuar chamadas.

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O que o Ipea sugere
Em primeiro lugar, deve-se estimular a criação de planos voltados para a classe baixa, como os pré-pagos e os fracionados. Esse modelo seria útil justamente por conta da irregularidade da renda dessa população. “Os referidos planos ajudam a enfrentar a dificuldade de renda irregular”, observa o Ipea.

Incentivar novos dispositivos para acesso à internet, como TV, celular, entre outros, seria uma segunda sugestão. O instituto lembra que o processo de convergência tecnológica vem colocando à disposição dos usuários novas formas de acesso à internet. Assim, seria mais interessante focar em dispositivos que a baixa renda já utiliza do que insistir em computadores, que não fazem parte da realidade dessa população.

O Ipea lembra que o PNBL não considera as plataformas mencionadas (TV e celular) no seu plano de inclusão. Por fim, o instituto sugere a criação de subsídios cruzados entre planos e serviços. A própria penetração dos serviços de telefonia móvel no Brasil só conseguiu se tornar realidade por conta dos incentivos estabelecidos para a construção das redes.

Os incentivos, que foram importantes para popularizar o serviço de telefonia móvel no Brasil, ainda não foram utilizados para difundir o serviço de banda larga no País. “Uma forma de colocá-lo em prática seria definir tarifas de interconexão entre as redes fixas e móveis e a rede de comunicação de dados, bem como um plano de remuneração para os acessos na internet”, observa o Ipea.