Mãe e profissional: elas têm dificuldades de lidar com a rotina, mas se dão bem

Pesquisa mostra que 57% têm dificuldades de lidar com a dupla jornada, mas mulheres que são mães são melhores profissionais

Camila F. de Mendonça

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SÃO PAULO – Elas deixaram de se dedicar apenas à casa para entrarem no mercado de trabalho. E, com isso, acumularam funções. Lidar com a família e com o mercado faz parte da rotina de muitas mulheres que se tornaram mães, principalmente daquelas que se tornaram chefes de família. Mas nem todas conseguem manter a dupla jornada com tanta eficiência.

Uma pesquisa realizada pelo Trabalhando.com, comunidade virtual de trabalho, mostra que 57% das executivas têm dificuldade para conciliar as duas atividades. Para 34% das entrevistadas, a dificuldade da dupla jornada é o fato de terem pouco tempo para lidarem com os filhos. “O ponto principal dessa dificuldade é a falta de flexibilidade que as empresas não oferecem para que elas possam estar mais presentes na vida dos filhos”, explica o diretor-geral da comunidade, Renato Grinberg.

Essa falta de equilíbrio entre as funções já foi constatada em outros estudos. Em um deles, a psicóloga Francisca Celina Guimarães constatou que essa dificuldade gera frustração. O efeito imediato é que o desempenho dessas profissionais pode cair.

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“É por isso que as empresas estão atentas a isso e começam a implantar ações para elevar a qualidade de vida dessas profissionais”, afirma Grinberg. Não são raras situações de empresas que flexibilizam horários e até mantêm espaços na empresa para que as mães fiquem perto dos filhos. “O que mantém o funcionário motivado vai além da parte financeira”, acredita o executivo.

Grinberg explica que esse tipo de empenho das empresas eleva a motivação das mulheres e as mantêm mais envolvidas não apenas com o trabalho, mas também com a empresa. E com isso, o grau de comprometimento e ligação com a instituição também é maior.

Medo
A dificuldade que a maioria das executivas entrevistadas sente também está relacionada ao receio que elas têm de não serem bem vistas no mercado somente pelo fato de serem mães. A pesquisa constatou que 12% delas acreditam sofrer preconceito dos chefes e outros gestores por terem filhos. “Pelo fato de serem mães, eles acham que elas não estão tão disponíveis”, explica Grinberg.

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Outra dificuldade que as executivas sentem por serem mães é na hora de retornar ao trabalho depois da licença-maternidade. Do total das pesquisadas, 7% afirmam que o afastamento as deixou desconectadas dos negócios da empresa e 4% ainda dizem que a dificuldade é não conseguir se focar no trabalho tanto quanto gostariam, por causa dos filhos.

Para Grinberg, foi-se o tempo em que a mãe não poderia ser também profissional. “Acabou a era de que você tinha de escolher entre ser uma boa mãe ou ser uma boa executiva”, diz. Apesar disso, dentre as empresas consultadas, constatou-se que o número de profissionais que são mães ainda é pequeno.

Do total de 30 empresas de médio e grande porte consultadas, 50% têm mães que representam 10% do quadro de funcionários. Já 20% das instituições consultados têm mais de 30% funcionárias com filhos e 10% das empresas têm 20% do quadro formado por mães. Os outros 20% das empresas têm 10% das funcionárias com filhos.

A mãe executiva
Diferentemente do que alguns gestores ou até empresas podem imaginar, as mães podem ser melhores profissionais. “As mães são mais responsáveis e a maternidade desenvolve nas mulheres muitas características que as ajuda a ser melhores profissionais”, afirma Grinberg.

Lidar com a rotina de cuidar da profissão e da família já faz das mães mulheres multitarefa. “O tempo para a mãe tem um valor muito maior. Elas lidam com ele com muita mais eficiência”, afirma o executivo.

Além disso, a mãe tem uma consciência de doação muito maior e aquelas que são líderes acabam desenvolvendo a dose certa da severidade. “O homem naturalmente tenta liderar pela força. A mulher já é mais emotiva, mas a mãe vê que existem outros caminhos”, explica. Grinberg ainda ressalta que as mães conseguem desenvolver mais rápido e melhor a inteligência emocional e afirma: “os melhores executivos têm filhos”.