Leicester vira economia do futebol do avesso com baixos salários

Com um orçamento considerado apertado para a primeira divisão da Inglaterra, o Leicester ganhou 25 de seus últimos 39 jogos

Bloomberg

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(SÃO PAULO) – A história da improvável escalada do Leicester City até o primeiro lugar da liga mais cara do futebol mundial começa com o fantasma inquieto de um monarca inglês. A ossada do Rei Ricardo III, que estava desaparecida havia séculos, foi descoberta em 2012 não muito longe do estádio dos Foxes.

No dia em que os restos do monarca foram devidamente enterrados na Catedral de Leicester, em março do ano passado, a equipe ocupava o último lugar da Premier League inglesa e corria risco de rebaixamento. No jogo seguinte, o clube iniciou uma impressionante recuperação, provocada por um gol nos acréscimos de um jogador apropriadamente chamado King (Rei).

Uma coincidência, é claro. Por outro lado, não há explicação racional para a ascensão da equipe. Com um orçamento considerado apertado para a primeira divisão da Inglaterra, o Leicester ganhou 25 de seus últimos 39 jogos e está a caminho de seu primeiro título da primeira divisão e de um lugar na Liga dos Campeões.

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O sucesso enriqueceu seus donos — estima-se que o clube valha, atualmente, oito vezes o montante pago pelo bilionário tailandês Vichai Srivaddhanaprabha, dono de uma rede de lojas duty-free, há seis anos. Além disso, tem atormentado os grandes gastadores, que normalmente lideram a tabela, e desafiado a velha crença de que, na Premier League, quanto mais você paga, mais você vence.

“O time vale mais do que eu recebi”, disse Milan Mandaric, que vendeu o clube a Srivaddhanaprabha em 2010 por 40 milhões de libras — cerca de US$ 56 milhões ou 51 milhões de euros pelas taxas de câmbio atuais.

Mandaric, um experiente investidor do futebol que recuperou os clubes Portsmouth e Sheffield Wednesday, disse que o time pode estar avaliado em 300 milhões de libras. Isso o transformaria em um dos 20 maiores clubes do mundo, segundo a Forbes. “E eles merecem”, disse ele.

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É certo que todas as equipes da Premier League recebem uma participação do generoso contrato de transmissão da liga. Ao manter seu lugar na primeira divisão inglesa — algo que os Foxes conseguiram ao vencer, de forma impressionante, sete dos nove últimos jogos da última temporada –, o Leicester continua desfrutando desse espólio. Após terminar em 14o lugar na temporada passada, a equipe gerou 104 milhões de libras em receita, incluindo cerca de 72 milhões do dinheiro de transmissão da liga, e obteve um lucro de 26 milhões, seu primeiro em quase uma década.

Se a equipe conquistar a liga neste ano, poderá esperar uma fatia ainda maior. O vencedor do ano passado, o Chelsea, recebeu em torno de 99 milhões de libras. Os números oficiais só estarão à disposição dentro de 12 meses, mas é possível prever que a receita global do Leicester aumentará em 30 por cento.

No ano que vem, a receita será alta novamente. Se os Foxes terminarem neste ano entre os quatro primeiros da liga, eles jogarão na Liga dos Campeões, o torneio de elite do futebol europeu, o que renderá pelo menos 25 milhões de libras. Eles também terão sua parcela no recordista contrato de transmissão de três anos da Premier League, de 8 bilhões de libras, e quanto melhor se saírem, mais receberão. O clube que ficar em último lugar na liga receberá em torno de 100 milhões de libras, com bônus adicionais baseados na classificação.

Enquanto isso, a folha de pagamentos do Leicester continuou modesta. Os Foxes, que até este ano eram um grupo de assalariados relativamente desconhecidos, ganham uma miséria na comparação com as estrelas da liga. No ano passado, o Leicester pagou a todo o seu plantel 57,4 milhões de libras, cerca de um quarto do que o Chelsea pagou na campanha de seu título de 2015.

Esse sucesso provocou alguns questionamentos desconfortáveis para os executivos dos principais clubes. O Manchester United, que é de capital aberto, gastou 250 milhões de libras na contratação de jogadores nas últimas duas temporadas e obteve poucos resultados. Quando o clube divulgou seus resultados trimestrais mais recentes, em fevereiro, Matthew Walker, analista do Nomura Holdings, quis saber o motivo da diferença.

“O time do Leicester foi montado a um custo aproximado de 22 milhões de libras”, disse Walker na teleconferência. “Quando vocês entrarem na janela de transferências, no verão, poderão explicar por que os clubes maiores não conseguem encontrar jogadores relativamente baratos como o Leicester?”.

Faltam oito jogos para o fim da temporada e o Leicester enfrentará o Crystal Palace no sábado.

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