Jogadores “ignoram” Felipão em partida da seleção; o fim do “grande líder”?

Um mês atrás, a maioria dos brasileiros diriam que Felipão era um grande exemplo de comandante, hoje, a impressão contrária é a que fica

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Foram raras as vezes que a cena vista no sábado se repetiu no futebol: jogadores que estavam em campo conversavam, durante o jogo, com os seus colegas no banco de reservas – para saber o que fazer durante a partida. Assim, atropelavam o suposto comandante da seleção, o técnico Luiz Felipe Scolari, o Felipão. 

Um mês atrás, a maioria dos brasileiros diriam que Felipão era um grande exemplo de comandante. A impressão que fica desta Copa, porém, é a contrária. Pela primeira vez, a seleção brasileira toma sete gols em um único jogo em Copas do Mundo. E se tornou a única seleção a tomar mais de 12 gols em Copas, junto com Coreia do Norte e Arábia Saudita. 

Tudo isso colaborou para que a CBF resolvesse mudar o comando da seleção canarinho, demitindo Felipão na madrugada desta segunda-feira (14), de acordo com informações da Rede Globo. Manda-se embora um técnico que tinha uma linda história de superação e vitória com a seleção brasileira em 2002, muito por ter claramente perdido o controle do grupo. 

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Todos os técnicos falham, em um torneio ou em outro, eventualmente. O estilo de comando do Felipão, o de um pai que comanda uma família, costumava unir os jogadores ao seu redor – mas ruiu com o vexame contra a Alemanha. Com vontade de evitar um novo vexame, os jogadores aparentaram querer assumir o controle e instruir seus colegas. Era o que precisava para que tudo se tornasse caótico. 

A afobação que tomou conta da seleção se tornou um desrespeito para Scolari, mesmo sendo ele um técnico muito querido pelos jogadores. Thiago Silva, capitão da seleção, foi um dos que mais se consultou com os jogadores no banco de reservas. Neymar, o craque do time e uma espécie de liderança técnica, era um dos que mais falavam com os outros jogadores. 

Sem um comando central, a seleção por muitas vezes parecia sem forma, sem jeito. O gol de Daley Blind no 1º tempo mostra isso. Ele corre para o centro da área, pega uma cabeçada descontrolada de David Luiz (ela mesmo um sinal de afobação) e tem tempo para tocar, livre, três vezes na bola – tirando qualquer chance para que o goleiro Júlio César a pegasse. 

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Espaços abertos na defesa brasileira não eram costume dos times liderados por Felipão: com fama de retranqueiro e de armar boas defesas, poucos imaginariam que o Brasil tomaria tantos gols durante a Copa – até pela forte zaga que a seleção possuia. Mas, na impossibilidade de que organizar o time, não durou muito até que Felipão perdesse as rédeas do time.