Ipea: alta renda demora mais tempo na busca por vaga no mercado de trabalho

Dado consta em pesquisa do instituto, que, apesar disso, mostra aumento do desemprego da faixa de menor rendimento

Tércio Saccol

Publicidade

SÃO PAULO – Mesmo representando o maior percentual de desempregados entre 2005 e 2010, os trabalhadores brasileiros que têm os menores salários demoram menos para conseguir trabalho que os trabalhadores de maior renda no País.

Enquanto o grupo com menores salários demorou uma média de 248,3 dias em 2010 para encontrar ocupação – contra mais de 341,4 dias em dezembro de 2005 -, quem ganha mais demorou cerca de 320,6 dias em dezembro de 2010 para achar ocupação – esse índice era de 277 dias em dezembro de 2005. Os dados constam no comunicado Desemprego e desigualidade no Brasil metropolitano, do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), que leva em conta dados sobre empregabilidade nas seis principais regiões metropolitanas do País (Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife).

A explicação para que os trabalhadores com menor renda passem menos tempo procurando trabalho é “ambígua”, segundo o estudo do Ipea. “Por um lado, sugere que o desemprego, ao longo dos últimos cinco anos, se tornou menos duradouro. O aumento do tempo de procura entre os desempregados de maior rendimento famíliar per capita sugere que estes podem estar sendo mais seletivos em relação à aceitação de novos empregos. Por outro lado, a diminuição do tempo de procura entre os mais pobres também é indicativo que estes acessam trabalhos precários e de curta duração, retornando rapidamente à condição de desemprego”, afirma o comunicado.

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

Jaqueta XP NFL

Garanta em 3 passos a sua jaqueta e vista a emoção do futebol americano

Desigualdade
Os demais dados da pesquisa apontam que há grande distorção entre desemprego em relação à distribuição dos rendimentos e a condição social do trabalhador. No geral, o número do desempregados caiu 31,4% entre 2005 e 2010. Entre as duas faixas da população com menor renda analisadas pela pesquisa, no entanto, não houve queda de desemprego, mas aumento. No caso dos 10% com menor rendimento no País, a elevação na taxa de desemprego foi de 44,2% (de 23,11% para 33,3%). Para efeitos de comparação, a faixa com maior renda teve queda no desemprego de 57,1% no mesmo período. Com isso, a faixa de maior rendimento no Brasil, que representava 7,8% de todos os desempregados em 2005, chegou a apenas 6% em 2010.

O estudo constata que, nas regiões metropolitanas pesquisadas, a desigualdade entre desempregados com maior e menor renda aumentou. Os trabalhadores com os menores índices de rendimento – que têm renda domiciliar per capita abaixo de meio salário mínimo por mês – passaram a registrar taxa de desemprego de 18,5% em 2010, quando este índice era de 14,4% em 2005.

Entre os trabalhadores acima desta faixa de renda, a taxa caiu de 4,5% para 2,8% em cinco anos. O estudo afirma ainda que “o aumento do desemprego entre os mais pobres, enquanto diminui entre os não-pobres, pode ser visto como a contraface dos ganhos reais nos rendimentos dos ocupados. Uma vez que as pessoas que têm atividade remunerada melhoram seus rendimentos, a pobreza passa cada vez mais a estar relacionada com o desemprego, e não com o trabalho mal remunerado”.