Instabilidade da bolsa desloca capital para a poupança

Em junho, captação líquida foi o dobro da registrada no mês anterior, o que pode ser explicado também pela massa salarial

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – A poupança registrou uma captação líquida – depósitos menos saques – de R$ 4,2 bilhões em junho, o dobro do que foi apurado em maio (R$ 2,1 bilhões), segundo dados divulgados nesta terça-feira (6) pelo Banco Central.

De acordo com o professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), José Nicolau Pompeo, a explicação para o resultado positivo está no mercado de trabalho e no desempenho de outras modalidades de investimento.

“Com certeza absoluta, o aumento na captação líquida não foi dado pelo crescimento do salário da população, mas pela alta na massa salarial, que acontece pelo avanço no número de empregados”, explicou.

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Concorrência
O resultado negativo na bolsa de valores, que inclusive afeta o mercado de fundos, na modalidade multimercados, também incentiva a migração dos investidores para a poupança.

“O dinheiro que foi para a bolsa está voltando para a poupança, porque a bolsa começou a cair, ela está muito volátil”, afirmou. “Está saindo gente também dos fundos e indo para a poupança”, completou.

A vantagem da poupança é de não cobrar taxa de administração e imposto de renda, o que acaba por reduzir os ganhos nos fundos de investimento.

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2009 x 2010
Nos seis primeiros meses deste ano, a poupança teve uma captação líquida de R$ 12,2 bilhões, o que representa uma alta de cinco vezes (400%) frente ao mesmo período do ano passado, quando a captação havia sido de R$ 2,4 bilhões.

De acordo com Pompeo, os dados estão distorcidos, por conta da crise econômica de 2008. “Temos de entender os 400%. A base era um ano difícil, então o número dá uma ideia falsa. Esse é o perigo dos números”, explicou.

Para o restante de 2010, o professor disse que é esperada uma relativa alta da captação líquida da poupança, enquanto a massa salarial continuar crescente. A ameaça para as cadernetas, por sua vez, está no endividamento da população, que é um risco no médio e longo prazos e no caso de uma nova crise acontecer.