Inflação oficial não reflete real perda de poder de compra da classe média

Inflação oficial entre 1994 e junho deste ano foi de 286,63%; no mesmo período gasolina subiu 472%

Viviam Klanfer Nunes

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SÃO PAULO – A classe média brasileira vem enfrentando uma inflação muito superior à indicada pelos índices de preços medidos tanto pelo governo quanto pelas entidades privadas.

O que acontece, segundo explica Marcelo Maron, consultor de finanças pessoais, é que as cestas que compõem os diferentes indicadores de inflação não conseguem refletir perfeitamente o que acontece na vida real do cidadão comum.

Telecomunicações e combustíveis
Maron afirma que essa situação pode ser facilmente comprovada se compararmos a inflação, medida pelos índices das instituições, com o aumento de serviços e produtos como telecomunicações e combustíveis.

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“Muitas vezes, produtos de baixo consumo ou de pouca importância na vida dos cidadãos ainda são utilizados nos índices gerais de preços, que apresentam uma inflação final bem inferior àquela que as pessoas enfrentam em sua vida cotidiana”, pondera Maron.

De acordo com Maron, a inflação oficial do Plano Real, medida pelo IPCA-IBGE de julho de 1994 até junho de 2011, chegou a 286,63%. Já pelo IGP-M, índice da FGV (Fundação Getulio Vargas) e bem mais realista em relação ao bolso do consumidor, o aumento dos preços registrado no mesmo período foi de 403,49%.

No bolso
Se formos considerar o peso que certos produtos tem na vida do consumidor, a situação é ainda pior. No caso dos combustíveis, amplamente consumido pelos cidadãos, nota-se que a gasolina custava, em 1994, cerca de R$ 0,50 o litro e atualmente chega a R$ 2,86. Essa variação corresponde a uma inflação de 472%. No mesmo período, o etanol subiu 427,91% e o diesel 506,47%.

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Apesar do diesel não ser consumido diretamente pelos indivíduos em seus carros, é importante lembrar que o Brasil ainda é um País que faz amplo uso das rodovias para o transporte de produtos em geral. O preço deste combustível, portanto, acaba afetando indiretamente o bolso do consumidor.

Outros gastos, como, por exemplo, a cesta básica, aumentou 305,01% no período. Os aluguéis já superaram a faixa dos 630%, as despesas com comunicação aumentaram 700% e os reajustes do salário mínimo ultrapassaram a casa dos 741%.

Logo, a situação das pessoas que consomem mais estes serviços ou pagam serviços domésticos não está muito favorável. A avaliação é de que “os índices de inflação oficiais nem de longe repuseram perdas, o que leva a onerar ainda mais os consumidores e, provavelmente, a agravar problemas como a inadimplência”, assinala Maron.

Para o consultor, a classe média brasileira, mais afetada pelos planos econômicos, continua pagando a conta nos anos atuais. Ele reconhece que houve melhoras substanciais na qualidade de vida, sustentadas, sobretudo, pelo crescimento da economia e do número de empregos, mas os salários um pouco maiores não conseguem acompanhar a evolução do salário mínimo, o que vem levando a um empobrecimento da classe média, que perdeu poder de compra em diversos segmentos.