BB derruba indenização a funcionários em 50%; Itaú paga mais

Último programa de demissão voluntária do BB, em 2016 pagou bem mais; já o Itaú aumentou sua indenização em relação a 2010

Paula Zogbi Beatriz Cutait

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SÃO PAULO – Os funcionários do Banco do Brasil já foram mais valorizados para a instituição do que agora. O mais recente PAQ (Programa de Adequação de Quadros, uma espécie de PDV) do banco validou a saída de 2.367 funcionários, com impacto estimado de R$ 260 milhões em despesas e uma economia anual projetada em R$ 490 milhões a partir de 2020, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira (20).

Todos os funcionários lotados no banco tiveram oportunidade de manifestar intenção em aderir ao desligamento pelo PAQ, ainda que apenas as adesões daqueles que estivessem lotados em cargos ou funções com excesso na unidade pudessem ser validadas.

Pelas regras estabelecidas, funcionários com mais de 20 anos de casa poderiam receber até 9,8 salários, com valor limitado ao teto de R$ 200 mil. Aqueles com menos de 20 anos de BB receberiam, no máximo, 7,8 salários, também submetidos ao teto vigente e com piso de R$ 20 mil.

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A remuneração representa, contudo, cerca de 50% a menos que o máximo pago no último programa, realizado em 2016, em termos de número de salários. Naquele ano, o banco concedeu indenização de desligamento equivalente a no mínimo 13 e no máximo 15 salários, com a obrigatoriedade de pagamento de 12 salários-base e com adição de prêmio em pecúnia de até três salários para funcionários que ainda não haviam completado 30 anos de banco.

O InfoMoney apurou que, na ocasião, o maior salário no banco girava em torno de R$ 60 mil, no caso de diretores, o que indicava que a indenização poderia alcançar a cifra de aproximadamente R$ 900 mil.

Funcionários do BB reclamam que as condições de trabalho estão cada vez piores, com equipes mais reduzidas, mais metas e maior cobrança. Não à toa, o número de funcionários que tentaram aderir ao PAQ teria superado os 2,4 mil que efetivamente participaram do programa.

Itaú paga mais

Na contramão, no setor privado, o Itaú adotou uma indenização maior no seu PDV mais recente em relação à última iniciativa, em 2010.

No fim de julho, o banco anunciou o lançamento de um Programa de Desligamento Voluntário, com o “objetivo de dar a oportunidade de uma transição de carreira segura para quem tem interesse em deixar a empresa e para adequar suas estruturas à realidade do mercado, beneficiando colaboradores que se enquadram em alguns pré-requisitos”.

Os elegíveis poderiam aderir ao PDV no período entre os dias 1º e 31 de agosto, optando por dois pacotes de benefícios: o pagamento de 0,5 salário por ano trabalhado, limitado a seis salários, e manutenção do plano de saúde por 60 meses; ou pagamento de 0,5 salário por ano trabalhado, limitado a dez salários, e manutenção do plano de saúde por 24 meses.

Há nove anos, a indenização era de 0,5 salário por ano trabalhado, mas limitado a seis salários com manutenção do plano de saúde por 24 meses, no máximo.

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Segundo comunicado divulgado pelo banco, os funcionários que aderirem ao PDV terão acesso ainda à participação nos lucros e resultados e pagamento de todas as verbas rescisórias legais. “Após o encerramento do período de adesão, os impactos financeiros e o número de empregados que tiverem aderido ao PDV serão divulgados ao mercado.” Essa prática já existia em 2010.

Procurados, o Itaú confirmou os valores dos PDVs e o BB não se pronunciou até a publicação desta reportagem.

Como funciona um PDV ou PAQ

Um programa de demissão voluntária é um instrumento utilizado por empresas estatais e privadas como forma de enxugamento de custos e racionalização na gestão das pessoas. Em geral, requer uma apresentação com justificativa e obriga que os funcionários tenham liberdade de participação e sejam tratados em condição de igualdade.

Além do pagamento de todos os direitos previstos na legislação, as regras gerais preveem uma indenização. É comum que se ofereça um salário para cada ano de trabalho e entre seis meses e um ano de assistência médica após o desligamento, mas os termos variam. As condições devem ser pré-acordadas com os funcionários, o sindicato e o governo.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney