IBGE: geração de empregos cresceu em 2004, mas renda não acompanhou a evolução

Pesquisa do IBGE mapeia as condições de trabalho no País e revela que jovens e mulheres estão mais presentes no mercado

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A fim de mapear as condições de trabalho no Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), percorreu todo o País, inclusive a área rural. Os resultados, válidos para o ano de 2004, revelam que a população ocupada aumentou no Brasil, as mulheres estão cada vez mais no mercado de trabalho e a desigualdade de salário entre os sexos persiste.

A medição constatou que a população ocupada aumentou 3,3% de 2003 para 2004, o que significou a inclusão de 2,7 milhões de pessoas, frente à expansão de 1,2 milhão de trabalhadores entre 2002 e 2003 na população ocupada. Apesar dos bons resultados, o patamar da primeira metade da década de 1990 ainda não foi recuperado.

Essa evolução, revela a pesquisa, se dá de forma muito diferente entre as populações masculina e feminina. Enquanto a ocupação entre os homens apresentou queda até 2003, no contingente feminino houve crescimento expressivo: em 2004, esse nível chegou a 45,5% entre elas, dados que revelam o forte ingresso das mulheres no mercado de trabalho a partir da década anterior.

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Outro indicador que confirma essa constatação é a queda de 0,7 ponto percentual na taxa de desocupação de um ano pra outro, ficando em 9,0%. Essa redução, apesar de compartilhada pelos dois gêneros, foi mais forte na população feminina.

Mercado de trabalho por faixa-etária

O IBGE mediu o nível de ocupação no País a partir dos 10 anos de idade. Esse índice foi de 56,5% no ano passado. Em todos os grupos analisados, verificou-se que há mais homens do que mulheres no mercado de trabalho: 68,2% entre eles e 45,6% entre a população feminina.

Um bom exemplo é dado pela população jovem no mercado de trabalho. Entre as pessoas de 15 a 17 anos, 39,5% do nível ocupado são compostos por homens e 22,4% por mulheres. Entre 18 e 19 anos, esse indicador passa a ser de 63,5% (homens) e 40,5% (mulheres), enquanto na faixa-etária de 20 a 24 anos, os números apontam para 78,1% para eles e 54,1% para elas.

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Atividade de trabalho

O IBGE informou que as pessoas no mercado de trabalho se dividem de forma desigual entre os segmentos de atividades. O maior empregador é o setor de Serviços, que agrega 40% das pessoas ocupadas, seguido pela Agricultura (21%), Comércio/Reparação (17,3%), Indústria (14,7%) e Construção (6,3%).

Nesse indicador, as mulheres se destacam por sua grande participação em serviços domésticos (93,3% da população ocupada nos serviços deste tipo) e pela baixa atividade no setor de Construção (2,5%).

Os empregados e trabalhadores domésticos, juntos, representavam 62,9% das pessoas que trabalham, seguidos dos trabalhadores por conta, com participação de 22% da população.

Rendimentos

O salário médio do Brasileiro, também analisado pela pesquisa, ficou em R$ 730,00 em 2004, enquanto em 1996 o salário médio mensal era de R$ 903,00. O maior salário é pago no Sudeste, seguido por Centro-Oeste, Sul, Norte e Nordeste; esta a região que pior remunera seus empregados.

Dentre as pessoas ocupadas, 27,6% das pessoas recebiam apenas um salário mínimo, mas esse percentual avança para 46% no Nordeste, enquanto no Sul essa proporção é a menor do País: 17,9%.

Os maiores proventos pagos no Brasil, aqueles que ultrapassam os 20 mínimos, chegavam a 0,9%. A menor média também fica com o Nordeste (0,4%) e a maior com o Centro-Oeste (1,6%).

Esses índices acirram ainda mais a desigualdade social no País. A pesquisa garantiu que 44,6% dos ocupados detinham 10% dos rendimentos pagos no Brasil, enquanto os 10% dos melhores rendimentos ficavam com 1% da população, o que deixou o índice de Gini de distribuição dos rendimentos no Brasil na casa de 0,547 (quanto mais próximo de 1, melhor é a colocação).

Preconceito

Apesar do avanço da mulher no mercado de trabalho, elas ainda são discriminadas, recebendo menos que os homens. Elas ganhavam, em 2004, cerca de 69,5% do valor despendido aos homens, mesmo quando se tratava da mesma função.

Por tipo de atividade exercida, entre os empregados a defasagem chega a 89,2%. Na posição de empregadores, o percentual é de 72,5%; na de trabalhadores domésticos, 70,9% e na dos trabalhadores por conta própria, a diferença salarial chegou a 65,1%.