Gripe A leva empresas a darem licenças para funcionárias grávidas

Para prevenir o contágio, empresas como Vivo e Itaú estão afastando temporariamente as mulheres grávidas do trabalho

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A Gripe A (H1N1) está mudando a rotina e a gestão das empresas no País. Uma das alterações mais presentes é a concessão de licença para as funcionárias grávidas, mais vulneráveis à doença, para evitar riscos de infecção.

“As mulheres grávidas são mais vulneráveis à gripe, isso é fato. Como alguns órgãos públicos estão afastando estas pessoas de atividades de risco, é sensato, prudente e até humano que as empresas privadas façam o mesmo, pois as mulheres grávidas estão trabalhando sob forte pressão emocional, especialmente aquelas que atendem ao público, cuidam de pessoas ou crianças, trabalham em bilheterias ou balcões de companhias aéreas, entre muitas outras atividades”, explica o vice-presidente de Relações Trabalhistas e Sindicais da ABRH-Nacional (Associação Brasileira de Recursos Humanos), Carlos Pessoa.

Porém, para a vice-presidente de Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social da entidade, Nismenia Cardoso, o reconhecimento do risco dessas mulheres ainda não é generalizado. “As empresas precisam avaliar, ainda, que a situação de risco para as grávidas não está apenas no trabalho, mas também, e principalmente, no transporte, pois muitas são obrigadas a pegar ônibus, trens e metrô, o que potencializa o risco de contaminação”, explica.

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Recomendação às funcionárias

A medida de afastar profissionais grávidas já foi adotada pela operadora de telefonia celular Vivo, que recomendou aos gestores de cada setor darem uma licença com duração até o fim de agosto. De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, essa medida não influenciará na licença-maternidade, que será concedida normalmente, de acordo com a legislação.

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) também fez uma recomendação similar aos seus associados. De acordo com a entidade, os bancos devem orientar as funcionárias gestantes a procurar os seus respectivos médicos de acompanhamento pré-natal, para que façam, num prazo máximo de dez dias, um relatório sobre a permanência ou afastamento temporário do trabalho. A recomendação também indica que essas mulheres fiquem de licença até que apresentem o documento médico.

O conglomerado Itaú Unibanco, por meio de um comunicado, informou que a medida já está sendo adotada entre suas funcionárias. Além disso, a entidade formou um comitê multidisciplinar para acompanhar a evolução da doença nos países onde possui negócios.

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Além das grávidas

Além das licenças para mulheres grávidas, muitas empresas adotam outras medidas para evitar contágios entre os funcionários. Segundo uma pesquisa da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida), com 75 organizações, 22% cancelaram viagens a trabalho de seus funcionários como uma forma de prevenção contra a gripe A (H1N1).

Entre aquelas que apresentaram casos de funcionários que tiveram contato com pessoas contaminadas (12% do total), 6% realizaram avaliações médicas de seus colaboradores e 5% afastaram profissionais contaminados, por um período entre sete e 15 dias, em média.

Entre as empresas sem casos confirmados, o estudo mostra que funcionários estão preocupados com a disseminação da enfermidade. Além disso, mais da metade dos gestores de Qualidade de Vida e de RH afirmou que as notícias da gripe A afetaram o ambiente de trabalho. Alguns relataram o aumento da ansiedade, boatos e pânico. A consequência imediata foi o aumento no número de consultas no ambulatório das empresas.

A principal atitude das companhias, porém, não foi a licença para mulheres grávidas ou o cancelamento de viagens, mas sim o investimento em comunicação. “Além de cartazes, folhetos e palestras, as empresas investiram em intranet, web meetings, visitas a médicos em cada área e nos setores mais expostos ou com casos suspeitos”, explica a diretora de comunicação da ABQV, Rita Passos.

As ações também incluíram a adoção de cuidados mais intensos de higiene, com a limpeza de aparelhos telefônicos com álcool, uso de sabão especial nos toaletes, instalação de dispenser de álcool gel e a distribuição de lenços e máscaras.