Por que empresas brasileiras não são lideradas por mulheres

Consultoria Bain & Company mostra as razões que impedem as mulheres de atingirem posições de liderança

Luiza Belloni Veronesi

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SÃO PAULO – Apesar da enorme quantidade de mulheres qualificadas no mercado de trabalho brasileiro, apenas 4% das 250 maiores empresas do País têm mulheres no comando. Tal índice foi compilado pela consultoria Bain & Company, que também levantou as possíveis razões para a baixa representatividade feminina na liderança das empresas brasileiras.

De acordo com a consultoria, há três pontos-chave que impedem as mulheres de atingirem posições de liderança:

1. Além dos já conhecidos desafios associados à percepção de prioridades conflitantes entre trabalho e vida pessoal, o estilo das mulheres é diferente dos homens e menos valorizado no mercado de trabalho;

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2. Homens e mulheres reconhecem que têm estilos diferentes, mas homens veem menos obstáculos dessa diferença às chances de promoção das mulheres;

3. As empresas tendem a valorizar mais atributos tipicamente reconhecidos como masculinos (solucionar problemas, influenciar) do que aqueles mais identificados como femininos (apoiar e dar coaching).

Homens vs. mulheres
Quando o assunto é estilo de liderança, tanto homens quanto mulheres concordam nos principais pontos mais valorizados pelas empresas: solucionar problemas, encorajar times, influenciar equipe, inspirar e delegar.

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Contudo, quando solicitado aos entrevistados homens que avaliassem outros homens e outras mulheres nos atributos de liderança, o resultado foi que homens apareceram como melhor capacitados que mulheres em quatro das cinco principais características citadas. A diferença é gritante em três atributos: eles acreditam que outros homens têm uma probabilidade quase que 50% maior que mulheres de delegar trabalho, além de serem melhores do que as mulheres em solucionar problemas (37%) e em influenciar equipes (35%).

Esse indicador mostra o porquê as mulheres não sentem que têm as mesmas oportunidades de carreira que os homens: o estilo de liderança das mulheres não é tão bem avaliado pelos homens que, hoje em dia, fazem parte da maior parcela da alta gestão das empresas e normalmente são os responsáveis pelas promoções e indicações.

O estudo ainda identificou três correntes de pensamento que surgem quando os entrevistados são agrupados com base nas questões que eles acreditam ser preponderantes. O maior grupo (45% dos entrevistados) acredita que a razão dominante para a falta de mulheres no topo pode ser atribuída a prioridades conflitantes. O segundo grupo (32% dos entrevistados) pensa que diferenças no estilo é o fator crítico. Há um grupo menor (23% dos entrevistados) que vê no viés organizacional a maior barreira que impedem as mulheres de progredir.

O estudo entrevistou mais de 500 pessoas com igual representatividade de mulheres e homens, sendo que cerca de 40% dos entrevistados ocupam posições de gerência sênior ou executiva.