Gestão autoritária impede retenção de talentos

"Lógica autoritária, que marca a gestão de pessoas em parte das empresas, não gera participação nem estimula a meritocracia", diz professor

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Diante de um cenário internacional de competitividade entre as empresas, reter talentos é uma obrigação, o que significa ter os melhores profissionais, sempre motivados. No Brasil, por sua vez, esta retenção, que deve ser feita à base de comprometimento, esbarra em uma questão cultural: o modelo autoritário de gestão de pessoas.

De acordo com o professor de Gestão Estratégica de Pessoas da Fundação Dom Cabral, Marco Tulio Zanini, a cultura autoritária inibi o envolvimento e o engajamento dos profissionais, levando-os a uma permanente situação de fragilidade.

“A lógica autoritária, que marca a gestão de pessoas em parte significativa das empresas brasileiras, não gera participação e não estimula a meritocracia [desenvolvimento por mérito]. Os trabalhadores, em resposta a essa situação, investem muito em sociabilidade no ambiente de trabalho, com o objetivo de garantir a empregabilidade, mas têm baixo grau de confiança nos gestores e nas empresas onde atuam”, afirmou o professor.

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Os resultados negativos disso são inúmeros. Dentre eles, estão uma comunicação deficiente, dificuldade em dar autonomia aos profissionais de níveis mais baixos, pouco foco em resultados e muito controle. Desta maneira, a gestão acaba sendo pouco sustentável e eficiente.

Como mudar este quadro?

De acordo com Zanini, a resposta para a pergunta “como mudar este quadro de autoritarismo na gestão de pessoas” está na mudança de consciência, principalmente dos gestores das organizações. Isso significa esclarecer que um colaborador que confia no gestor – que sente que não será abandonado na primeira crise – se envolve mais e ajuda mais a empresa.

“Adianta pouco dizermos a um trabalhador que ele deve se engajar, participar e confiar mais na organização onde atua se as práticas cotidianas que ele vê, no espaço do trabalho, evidenciam justamente o oposto”, explicou.

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A princípio, o engajamento se conquista quando o trabalhador é respeitado, ouvido, tem suas idéias e sugestões consideradas e seus méritos reconhecidos, tanto profissional quanto monetariamente.

Por outro lado, se a empresa mostrar acúmulo de benefícios apenas para uma minoria, foco em lucro, inclusive à custa de demissões, acesso restrito a informações e uma rotina massacrante, o profissional tende a “abandonar o barco”.