Funcionária revela como é trabalhar em uma empresa que não tem chefes  

Em entrevista ao Infomoney, Yassal Sundman, funcionária da Crisp há mais de 7 anos, conta como é trabalhar por lá

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – Uma empresa de consultoria de software decidiu adotar um método pouco convencional em sua estrutura há quatro anos: não ter chefes.

A Crisp fica em Estocolmo, na Suécia, tem 40 funcionários e não tem CEO ou gerente para nenhum setor ou divisão da empresa. Em entrevista ao Infomoney, Yassal Sundman, funcionária da empresa há mais de 7 anos, conta que a companhia testou alguns outros modelos de estruturas organizacionais, incluindo o estilo hierárquico que a maioria das empresas têm, antes de definir que não teria CEO ou qualquer responsável.

“Nossa primeira experiência foi substituir o modelo com o CEO tradicional por um votado anualmente entre nós da Crisp. Depois de alguns anos, percebemos que as decisões estavam sendo feitas sem muita contribuição do CEO. A pergunta, então, surgiu: o que aconteceria se não tivéssemos um CEO? Demos uma olhada nas coisas que ele era responsável por fazer e percebemos que poderiam ser facilmente administradas por outra pessoa sem o status do cargo. Então, há quatro anos, concordamos em tentar levar a empresa sem um CEO ou qualquer tipo de chefe. Estamos felizes com a decisão até agora”, conta Sundman.

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Eles então deixaram de fazer a votação anual por um CEO.  Há um Conselho de Administração composto por um grupo funcionários eleitos anualmente pelos próprios colaboradores que mediam as decisões e organizam votos e reuniões.

Ela explica que a empresa adotou muito bem a filosofia do “é melhor pedir perdão do que pedir permissão”. Eles acreditam que qualquer pessoa é capaz de tomar decisões. “Nós temos muita autonomia, mas com ela vem a responsabilidade, e é preciso equilibrar as duas”, conta. Isso significa que, ás vezes, algumas decisões têm de ser revisadas, mas não é um problema.

Reuniões trimestrais com todos acontecem anualmente para que os funcionários conversem sobre a empresa e discutam novos planos.

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“A maneira como tomamos decisões depende do tipo de deliberação que precisamos. A pessoa que precisa de um veredito ou que quer organizar algo garante que o grupo certo de pessoas estará envolvido. Se é algo pequeno, como comprar uma máquina de café para o escritório, então só esse grupo pode decidir. Se é algo grande, como mudar de escritório ou um negócio com algum cliente novo, então provavelmente toda a empresa estará envolvida”, explica a desenvolvedora de softwares.

Como funcionária, Yassan se diz muito satisfeita com a estrutura, mas pondera. “Eu aprecio a liberdade que eu tenho para trabalhar e interagir com os clientes que eu quiser, além de poder administrar tudo do meu jeito. No entanto, sei que esse sistema não funciona em qualquer empresa. É preciso ter uma certa harmonia e confiança entre todos os empregados. Nós conseguimos administrar, mas entendo que uma corporação muito maior pode ter dificuldades”, diz.

A retirada do papel do CEO representou formalizar que a “equipe toma decisões em conjunto para o bem da Crisp” e não afetou a saúde financeira da empresa. Enquanto aos salários, cada área tem um piso salarial conforme o mercado.

“Nós acreditamos que os valores com os quais trabalhamos levam à felicidade profissional e ao sucesso dos negócios”, finaliza Sundman. 

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.