Faltam estágios no Brasil: veja as áreas que estão no sentido contrário!

De acordo com o vice-presidente do Nube, algumas engenharias e a biblioteconomia estão com vagas sobrando

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – De acordo com a Abres (Associação Brasileira de Estágios), somente 4,3% dos estudantes do ensino médio/técnico e 16% dos universitários estagiam em todo o Brasil. No Estado de São Paulo, existem quatro milhões de jovens entre 16 e 24 anos, sendo que 750 mil deles poderiam entrar no mercado de trabalho por meio de estágios. A oferta de vagas, porém, é de apenas 201 mil postos por ano.

“Muitas empresas não se sentem à vontade para buscar o jovem e treiná-lo. Nós precisaríamos ter pelo menos umas quatro ou cinco vezes mais vagas de estágio para atender toda a demanda”, afirma Carlos Henrique Mencaci, diretor da Abres. Exemplos dessa realidade são as áreas de comunicação social, informática e administração de empresas.

De acordo com o diretor-presidente do Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios), Seme Arone Júnior, apesar da falta de estágios, existem áreas em que a situação é contrária: existem poucos estagiários para ocupar as vagas abertas.

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Áreas contratantes

Com a expansão do setor civil, por exemplo, existe briga pelas construtoras para conseguir um estagiário na área de engenharia civil. “Fica mais crônica a situação quando exigem pessoas com determinado perfil ou a vaga é para a área comercial”. Os alunos querem trabalhar próximos ao processo de construção.

Ao todo, existem 247 mil alunos de engenharias em todo o Brasil, de acordo com dados do MEC (Ministério da Educação). Por outro lado, existe mais de meio milhão de estudantes em Direito.

Outro exemplo são os profissionais de engenharia eletrônica, que são requisitados com o aumento do mercado de computadores. Com os destaques das vendas dos carros, os engenheiros automobilísticos estão entre os estagiários que podem contar com mais vagas.

Uma outra carreira vive a mesma realidade: biblioteconomia. Desde o momento em que as empresas começaram a investir com mais intensidade no patrimônio intelectual e na documentação, há poucos profissionais para estagiar na área. Poucas universitários têm esse curso. Estatísticos também estão na mesma situação.

Consequências

Com a falta de estagiários, o que acontece é que os salários começam a inflacionar. “Existem empresas que oferecem R$ 3 mil para um estagiário”. Por outro lado, nas áreas com menos vagas e nas quais a concorrência é maior, os salários caem significantemente.

Em ambos os cenários, porém, o diretor do Nube diz que é preciso que o estagiário aja de maneira certa para conseguir a vaga. “Tem que saber se comportar na entrevista, na dinâmica em grupo e, até mesmo, saber apertar a mão do selecionador”.

Enfim, são os preparados que conseguem o emprego. “As vagas não caem do céu”, finaliza o presidente da Abres.