Falta de qualificação impede que vagas de estágio sejam preenchidas

Para os estudantes, no entanto, o valor baixo da bolsa-auxílio é o motivo para o não preenchimento, mostra enquete do Nube

Camila F. de Mendonça

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SÃO PAULO – O crescimento do mercado de trabalho interfere diretamente na oferta de vagas de estágios e, assim como a oferta para profissionais, para os estudantes ela também está em expansão. Contudo, muitas vagas permanecem abertas por muito tempo e outras tantas não são preenchidas.

Enquete realizada pelo Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios) mostra que, para 40,20% dos estudantes, o não preenchimento das vagas deve-se ao baixo valor da bolsa-auxílio. Mas, para a gerente de Treinamento do núcleo, Carmen Alonso, o motivo é outro. “O que falta é qualificação”, afirma.

Na enquete, a qualificação foi citada por 21% dos estudantes como motivo para que muitas vagas não sejam preenchidas. “Os candidatos não se preparam”, considera Carmen. Um dos pontos que, segundo ela, os estudantes mais pecam ao participar de um processo seletivo é o português.

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A diretora da Cia de Talentos, Carla Esteves, também verifica que existem vagas que acabam não sendo preenchidas. E concorda que o principal motivo é a qualificação, tanto técnica como comportamental. “Os estudantes têm muita dificuldade de fazer análise de informações e levantar os impactos delas sobre a nossa realidade”, afirma. “A visão do todo está sendo buscada em qualquer área porque remete à facilidade de resolver problemas”, enfatiza.

Carla afirma que o crescimento do número de vagas não preenchidas é proporcional à oferta de vagas. Somente na Cia de Talentos, a oferta de vagas no primeiro trimestre deste ano foi 20% maior que no mesmo período do ano passado e 50% maior que no primeiro trimestre de 2009.

Áreas difíceis
As áreas de Engenharia, Tecnologia da Informação e Computação são as que mais têm dificuldades de encontrar estagiários que se encaixam no perfil solicitado. “Encontramos mais dificuldades nessas áreas muito por conta do inglês”, avalia Carla. 
A segunda língua é um dos principais empecilhos de contratação em qualquer área, mas principalmente nessas. “No Brasil, essa questão do inglês é muito complicada ainda”, afirma Carla.

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Carmen também cita essas áreas como as que mais demoram a ser preenchidas. “Tem a questão de habilidade técnica, que também é muito forte”, afirma. Mas não é só isso. “Como as empresas trabalham com modelo de competência, também é avaliada a atitude do candidato”, afirma. E, nisso, os estudantes também pecam.

Atitude, para a especialista, refere-se à postura que o estudante tem diante do desafio que a vaga lhe apresenta. No processo seletivo, é possível avaliar quem está preparado. “Ele precisa entender que ele é um profissional em um mundo globalizado”, considera Carmen.

Pelos mesmos motivos, segundo Carla, outras áreas estão tendo dificuldades de preencher as vagas de estágio, como Farmácia, Matemática e Estatística.

Mercado exigente
A enquete realizada pelo Nube também mostra que os estudantes acreditam que o mercado está exigente. Para 25% deles, uma vaga de estágio não é preenchida porque ela exige muitos conhecimentos.

A resposta, na avaliação de Carmen, já era esperada, uma vez que os candidatos têm consciência da própria falta de preparo. “Quando eles vão a uma seleção, eles se deparam com muitos candidatos bons. Eles têm essa consciência”, afirma.

Outro motivo apontado por eles para o não preenchimento da oferta é o local de difícil acesso: 13,6% apontaram esse quesito como motivo. “Na hora de escolher um estágio, os estudantes avaliam isso. Para eles é importante”, afirma Carmen, do Nube.

Garanta sua vaga
Para os estudantes que buscam uma colocação por meio do estágio, o cenário não está ruim. Afinal, existem muitas vagas que precisam ser preenchidas, desde que os estudantes se esforcem para manterem-se competitivos e foquem nos pontos que excluem muitos candidatos do processo seletivo.

A começar pelo inglês. “Eles precisam investir em outro idioma”, afirma Carla, da Cia de Talentos. “Eles precisam mostrar interesse e saber analisar determinadas situações”, afirma. Para ela, não basta o candidato estar informado sobre o que está acontecendo no Brasil e no mundo. Ele precisa saber o impacto desses fatos na sua realidade.

Durante o processo, Carla também aconselha que os candidatos se mostrem interessados. “Pesquisar antes sobre a empresa, seu campo de atuação e descobrir os motivos que os levaram até ela mostra o quanto eles estão interessados na vaga”, afirma.