Falta de mão de obra aumenta preços e preocupa especialistas

"Formar mão de obra não é algo que se faça da noite para o dia", aponta o Professor Olavo Henrique Furtado, da Trevisan

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – A ausência de mão de obra qualificada em diversos setores econômicos no Brasil tem provocado o aumento de preços de serviços e produtos e já causa preocupação entre os especialistas.

O coordenador de pós-graduação e MBA da Trevisan Escola de Negócios, Olavo Henrique Furtado, explica que a fórmula é bem simples. “Se a mão de obra for escassa, os profissionais daquela área são mais disputados e passam a ganhar mais. Assim, com os salários inflacionados, os produtos também acabam ficando mais caros e os custos podem ser repassados para o consumidor”, afirma.

O professor afirma que vários setores podem ser influenciados pela ausência de profissionais qualificados na folha de pagamento. “Qualquer setor que demande mão de obra qualificada corre o risco de ter os preços afetados devido à falta de profissionais”, aponta.

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Mas, ele lembra que em algumas áreas, como energia e logística, a necessidade é ainda mais imediata. “São setores tão importantes que, sem eles, o Brasil para”, alerta.

Investimentos
Para evitar que isso ocorra, segundo ele, é importante que sejam feitos investimentos de longo prazo. “Formar mão de obra não é algo que se faça da noite para o dia. É preciso tempo para formar esses profissionais, é algo que se leva em torno de 10 a 15 anos pelo menos. É preciso “maturar” esses talentos, dar vivência dentro das empresas e tudo isso leva tempo”.

Ele cita exemplos recentes de grandes talentos, como os  fundadores de redes sociais e outros jovens que tiveram grandes ideias e que não se formaram da noite para o dia, mas estavam sempre cercados de profissionais competentes e de fortes instituições de ensino.

“Hoje em dia, os grandes profissionais não se criam sozinhos. Geralmente, por trás de um enorme talento, tem sempre uma estrutura muito competente. Um bom profissional está sempre rodeado por gente muito forte”, acredita.

Diferencial
Furtado lembra que o País tem um grande diferencial em relação a outras nações, principalmente as europeias: a grande quantidade de jovens disponíveis para o mercado de trabalho. Mas, ele ressalta que é preciso saber aproveitar essa vantagem e investir em educação e preparação.

“O Brasil tem um “bônus” demográfico, por isso é importante que façamos da mesma maneira da Coreia do Sul e aproveitemos esse benefício populacional, apostando em educação”, diz.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip