Estudo indica aumento da terceirização e do trabalho precário nos países

No Brasil, observa-se alta rotatividade, remuneração inadequada e longas jornadas de trabalho

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O mercado de trabalho dos países mudou com o aparecimento da terceirização do trabalho. De acordo com estudo do presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa econômica Aplicada), Marcio Pochmann, as principais características do novo ambiente laboral podem ser concentradas em três eixos. O primeiro se refere ao aumento das ações voltadas para a inovação tecnológica.

A tecnologia propiciou a integração entre as funções internas (realizadas por operários das fábricas) com as externas (realizadas por engenheiros e técnicos). Por sua vez, isso resultou em possibilidade de realizar as atividades fora do local tradicional de trabalho.

O segundo trata da difusão dos procedimentos de automação programável, que ocorre simultaneamente à redução das funções exclusivamente manuais e de baixa qualificação, implicando a necessidade de mais mão-de-obra qualificada. Houve a ampliação da escolaridade do operário para atender novos requisitos de contratação.

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A última mudança diz respeito às funções múltiplas exercidas pelos profissionais, com maior responsabilidade sobre a produção, a qualidade, a manutenção e a própria organização do trabalho. Dessa forma, as empresas enxugaram o número de colaborados. Os resultados foram apresentados durante o “Seminário Internacional SINDEEPRES – Terceirização Global: a realidade brasileira comparada”, que aconteceu nesta terça-feira (12).

Reestruturação nas empresas

No estudo, Pochmann revela que as empresas líderes em seus segmentos adotaram procedimentos típicos de firmas oligopolistas, permitindo a elas ampliar a margem de lucro com a redução de custos e do nível de endividamento, bem como ampliando o grau de inovação tecnológica.

No mundo inteiro, as mudanças englobam a adoção, por parte das empresas, da prática de subcontratação e da terceirização da mão-de-obra. No caso do Brasil, observa-se um aprofundamento do padrão de uso da força de trabalho com alta rotatividade, remuneração inadequada e longas jornadas de trabalho.

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Em suma, houve uma divisão entre uma menor parcela de trabalhadores qualificados e uma maior parte de ocupados semi-qualificada, com alta rotatividade no trabalho, autoritarismo nas relações de trabalho, falta de organização por local de trabalho e contratação coletiva.

Apenas para comparação, no estado de São Paulo, em 2005, o salário do profissional terceirizado era de, em média, R$ 2,3 mil, ao passo que o salário médio do não terceirizado era de R$ 4,6 mil. A taxa de rotatividade, por sua vez, era de 83,5% entre trabalhadores terceirizados. No caso dos não terceirizados, esse índice é de 49,1%.

Padrão asiático

Conclui-se que houve no País uma disseminação do padrão de emprego asiático, com alta rotatividade, salários inadequados e longas jornadas, mesmo com os avanços de escolaridade de trabalhadores ocupados e desempregados. “Os efeitos da terceirização são expressivos e de rápida generalização nos contratos de trabalho, permitindo associar à força de uma verdadeira reforma trabalhista”, diz o estudo.