Estudar para crescer

Veja como encontrar um curso que trará um diferencial para seu currículo e aumentará suas chances de ganhar um salário melhor

Karla Santana Mamona

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SÃO PAULO – Destacar-se no atual e competitivo mercado de trabalho não é tarefa fácil. Ter um diferencial é o melhor caminho, mas como conquistá-lo? Estudar mais e mais parece o caminho mais óbvio, mas, com centenas de instituições oferecendo uma infinidade de cursos, distinguir os que realmente podem dar uma guinada na carreira daqueles que serão um gasto inútil de dinheiro é um grande desafio.

De acordo com especialistas, não é preciso que o profissional redescubra a roda para ter sucesso em sua empreitada. Basta aprender o que falta no mercado. Se um profissional tem entre cinco e dez anos de experiência no mercado de trabalho, os tradicionais cursos de MBA e pós-graduação são mesmo os mais indicados. Caso ele já tenha essa formação, a opção é procurar cursos de extensão na área de interesse do profissional e da empresa em que ele atua ou pretende atuar. “Quem faz muito MBA perde a direção. Cursos complementares são mais indicados nessa situação”, diz o headhunter e presidente da Junto Brasil, Ricardo Nogueira.

Para ele, na hora de escolher onde e o que estudar, inspire-se em profissionais que você admire. Em seguida, limite a escolha às instituições consideradas como referência no mercado. “É interessante pesquisar instituições de onde vieram alguns presidentes e vice-presidentes de empresa”, acrescenta.

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Outra dica é analisar o mercado de trabalho, comparar-se com pessoas que ocupam a mesma posição ou que são concorrentes em alguma vaga de empresa e descobrir qual tipo de especialização as companhias valorizam. Nogueira, porém, alerta que não vale fazer um MBA em Óleo e Gás, por exemplo, só porque faltam profissionais qualificados nessa área. “Se a pessoa não tem identificação e interesse pelo segmento, não adianta. É preciso ter aptidão.”

Participar de feiras e congressos da área também pode ajudar. Nesses eventos, os profissionais ficam sabendo quais tendências estão chegando ao Brasil. Se um palestrante cita algum curso, por exemplo, ele pode ser o diferencial que o profissional estava buscando. Vale anotar as dicas e ir atrás de informações, pois muitas vezes o mercado se espelha no que vem do exterior. “Vá atrás, veja se já existe tal tipo de curso aqui. Se não tem, tente descobrir quando chegará ou em quais outros países já é possível matricular-se.”

Ajuda de quem entende
Sozinho dificilmente o profissional conseguirá fazer a escolha. Ele indica que se peça aconselhamento para pessoas-chave, evitando assim começar um curso e descobrir adiante que o diploma só servirá para colocar na parede. “Uma escolha errada, e a pessoa não fará nada com o diploma, só vai se frustrar.” Haverá ainda um grande prejuízo financeiro, já que muitas universidades cobram um valor alto nas mensalidades de pós-graduação e MBA.

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Entre as pessoas que podem ajudar na orientação, está o chefe. O profissional deve falar abertamente que está pensando em fazer uma especialização e questioná-lo sobre as opções, já que ele certamente tem mais experiência e sabe melhor o perfil de funcionário que a empresa procura. A conversa, de acordo com o especialista, deve ser informal, na hora do almoço ou do cafezinho. “Se ele for ‘gente boa’, ficará lisonjeado com a consulta”, afirma.

Mas se o relacionamento com o chefe não é dos melhores e a intenção do novo curso é buscar uma nova colocação, a dica é procurar uma pessoa que já fez o MBA ou a pós-graduação que lhe interessa. O importante é saber as vantagens, desvantagens e como o curso contribuiu para o desenvolvimento da carreira do ex-aluno. Com o advento das redes sociais, é bastante fácil encontrar alguém que já esteve no curso pretendido. O LinkedIn também pode ser bastante útil, já que é possível visualizar o perfil de profissionais em que você se inspira, ver quais cursos eles fizeram e conseguir o contato para trocar um e-mail.

Outra possibilidade é ir diretamente a instituições de ensino e conversar com o coordenador do curso e com os professores. Eles estão acostumados a dar esse tipo de orientação e podem tirar todas as dúvidas do futuro aluno.

Causando boa impressão
Depois de todo o processo, e com a matrícula feita, é preciso não criar falsas expectativas. Guilherme Petreche, gerente da consultoria Michael Page, especializada no recrutamento de executivos, explica que somente 10% dos profissionais são escolhidos para ocupar uma posição em razão especificamente do MBA ou da pós-graduação que cursou.

Porém, ele afirma que esse tipo de conhecimento impacta na performance do profissional, o que gera valor para a empresa. “Por isso, as empresas valorizam essas pessoas. Não pelo diploma em si, mas porque se mostram com iniciativa e vontade de melhorar. Isso é muito valorizado, é um diferencial.”

Os 10 melhores MBAs do mundo, segundo o Financial Times

1º Kellogg Scholl of Management, da Hong Kong University of Science and Technology

2º London Business School

3º Trium, uma parceria da HEC Paris, da London School of Economics e da NYU: Stern

4º Tsinghua University / Insead, China

5º UCLA: Anderson, National University of Singapore

6º Insead / Europe Campus, França

7º Ceibs, Shangai

8º University of Pennsylvania: Wharton

9º Washington University: Olin School of Business

10º University of Chicago Booth School of Business

* O Brasil tem dois cursos entre os 100 melhores programas de MBA executivos do mundo, conforme ranking do jornal Financial Times: OneMBA, da Escola de Administração de Empresas da FGV (Fundação Getulio Vargas), e o International EMBA, da FIA (Fundação de Instituto de Administração), que ocupam o 24º e o 85º lugares, respectivamente.

Onde estudaram os gigantes

– Ivan Zurita (ex-presidente da Nestlé no Brasil): graduou-se em Economia na Universidade Presbiteriana Mackenzie e fez MBA no IMD (International Institute for Management Development), em Lausanne, na Suíça.

– Issao Mizoguchi (presidente da Moto Honda no Brasil): estudou Engenharia Mecânica na FEI (Fundação Educacional Inaciana) e na universidade corporativa da Honda, nos EUA.

– Carlos José Fadigas de Souza Filho (presidente da Braskem): graduado em Administração de Empresas pela Universidade Unifacs, do estado da Bahia, fez MBA no IMD (Institute for Management Development), na Suíça.

– Roberto Egydio Setúbal (presidente do Itaú Unibanco): graduou-se em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e curou MSE (Master of Science Engineering) na Stanford University, nos Estados Unidos.

– Abílio Diniz (presidente do Conselho Administrativo do Grupo Pão de Açúcar): estudou Administração de Empresas na FGV (Faculdade Getulio Vargas), Marketing na Universidade de Ohio e Economia na Columbia University, nos Estados Unidos.

– Graça Foster (presidente da Petrobras): graduada em Engenharia Química pela UFF (Universidade Federal Fluminense), tem mestrado em Engenharia Química e pós-graduação em Engenharia Nuclear pela Coppe/UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e MBA em Economia pela FGV/RJ (Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro).

– Chieko Aoki (presidente da Blue Tree Hotels): formada em Direito pela USP (Universidade de São Paulo), fez pós-graduação em Administração na Universidade de Sofia, em Tóquio (Japão), e se especializou em Administração Hoteleira na Cornell University, nos Estados Unidos.

– Luiz Carlos Trabuco Cappi (presidente do Bradesco): formado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Paulo, com pós-graduação em Sócio-Psicologia na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

– Cledorvino Belini (presidente da Fiat no Brasil): graduou-se em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie e fez MBA em finanças pelo Insead, na França.

– Rômulo de Mello Dias (presidente da Cielo): formado em Economia pela UFF (Universidade Federal Fluminense), fez MBA e pós-graduação em Desenvolvimento Gerencial Executivo no IBMEC.