Especializações: quais estarão no foco do mercado?

Especialistas ouvidos apostam em especializações voltadas à área de infraestrutura, petróleo e meio ambiente. Mas alertam sobre a importância de escolher bem

Camila F. de Mendonça

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SÃO PAULO – Se, antes, o diploma garantia a entrada no mercado de trabalho, agora, ter uma graduação já não compõe um diferencial no currículo. Se quiserem acompanhar o ritmo do mercado, os profissionais devem se manter atualizados. As especializações – pós-graduações, MBAs e até mestrados – não só ajudam a melhorar o currículo como definem a posição do profissional diante de tantas mudanças.

Por sua vez, se, antes, a oferta de cursos de especialização era pequena e destinada a um nicho de profissionais de alto cargo, agora, quem sai das faculdades conta com uma lista de bons cursos e uma variedade de temas. O que fazer diante de tanta oferta? Para os profissionais mais antenados, que acompanham as mudanças da economia, apostar em especializações que podem trazer retorno a curto e médio prazo pode ser vantajoso.

“Tem especializações que sempre vão se sustentar, como as da área do Direito e da Medicina, por exemplo”, comenta a diretora do Grupo Soma, Sônia Caminhato. “Mas existem outras que abrem caminhos e são promissoras”, diz.

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Para o consultor da Search Consultoria em RH, Marcelo Braga, o Brasil está em uma posição que lhe permite afirmar que haverá espaço para muitos profissionais. “O mercado como um todo vai crescer muito e todas as áreas vão crescer”, afirma. “Tem espaço para todo mundo e este é o momento para quem está preparado. E quem ainda não está já está atrasado”, analisa.

Mas, não é só a oferta de cursos que cresceu. As mudanças das percepções dos profissionais com relação à própria carreira também ajudam a alavancar a demanda por especializações no País. Apesar disso, ainda é preciso mudanças no perfil dos profissionais, para que cursos de pós-graduação façam, de fato, parte da realidade do mercado. “Ainda existe muita gente que acha que a carreira é da empresa. Esse profissional espera que a empresa invista nele”, afirma a diretora de Consultoria da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Neli Barboza.

Especializações mais requisitadas!
Com oferta atraente e demanda em alta, escolher as especializações, para muitos profissionais, pode ser uma questão de retorno. Os analistas ouvidos pela InfoMoney apostam que setores mais ligados à transporte devem estar em alta e precisarão de profissionais especializados no médio prazo.

Os motivos, segundo os especialistas, estão relacionados justamente ao crescimento do País e ao fato de o Brasil ser sede das próximas edições da Copa do Mundo, em 2014, e da Olimpíada, em 2016. Além disso, o pré-sal fará com que nos próximos anos a procura por profissionais do setor, de todos os níveis, seja maior. O meio ambiente ainda está na pauta das empresas e deve fazer parte da lista dos profissionais que querem garantir retorno do mercado.

Apesar de essas áreas serem muito requisitadas hoje, com previsão de crescimento para os próximos anos, outros setores também devem acompanhar o crescimento da economia e merecem atenção dos novos profissionais que buscam especialização.

Uma dessas áreas é a gestão de pessoas. “As empresas estão percebendo cada vez mais que o maior bem delas são as pessoas, porque, além de ter de encontrar bons profissionais, você tem de retê-lo”, explica Sônia. No mesmo sentido, Braga também aposta em especializações mais direcionadas à gestão de Recursos Humanos, justamente pelo aumento da percepção da importância das pessoas nas empresas.

Para ele, além disso, áreas mais voltadas ao setor de bens de consumo, como marketing, por exemplo, também devem apresentar bom desempenho daqui para frente. “Essas áreas vão crescer junto com a economia”, analisa Braga. Neli ainda completa afirmando que, com a economia, setores relacionados à infraestrutura vão estar carentes de profissionais especializados.

Além dos já citados setores petrolífero e de transporte, a especialista lembra do setor de Tecnologia da Informação. “TI ainda é muito carente de profissionais e especializações focadas em telecomunicações, em desenvolvimento de redes e transmissão apresentarão um crescimento sólido”, considera. As áreas de finanças e comércio exterior, para ela, não podem ficar de fora da lista para quem pensa em fazer uma especialização que dará retorno no médio prazo. “No caso de finanças, análise de riscos tem uma tendência forte de crescer”, diz.

Um ponto a se pensar antes
As áreas citadas pelos consultores, assim como outras, estão em franco crescimento. Mas, escolher uma especialização apenas com base nesse critério pode não ser boa ideia. “Cada um tem de fazer uma análise e pensar o que essa pós vai agregar no currículo e em sua vida profissional”, avalia Braga, da Search. Afinal, de nada adianta fazer uma especialização só porque ela estará em alta daqui para frente e ela ser completamente diferente da área de formação. “A especialização é como um complemento da graduação”, completa.

“O que eu quero fazer daqui a quatro, cinco anos ?”, para Neli, da Ricardo Xavier, é essa a pergunta que o profissional deve fazer, antes de se matricular em alguma pós. “Carreira não se constrói a curto prazo”, lembra a consultora. Ela afirma que, na hora de escolher a especialização, os profissionais devem levar em conta como irão aplicar o que aprenderam do curso. Além disso, ela insiste que, para fazer o curso de pós, o profissional precisa ter experiência no mercado na área em que atua. “O ideal é que o profissional se identifique com a área e que essa pós tenha objetivo”, diz.

Quando estiver decidido, o profissional deve pesquisar bem a instituição onde vai estudar. Realizar pesquisas sobre a instituição, consultar as avaliações do MEC (Ministério da Educação), pesquisar sobre o corpo docente e conversar com quem já fez o curso devem ser levados em consideração. “Mais importante que fazer uma especialização, é fazê-la bem”, conclui Neli.