Especialista revela 10 erros para jamais cometer em um currículo – e uma situação bizarra

Felipe Brunieri, da Talenses, já analisou inúmeros de currículos e relembra os erros mais comuns – e o mais estranho

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Após analisar incontáveis currículos, o gerente da divisão de Finanças e Tributário da Talenses Felipe Brunieri se sente confortável para afirmar: existem alguns erros que prejudicam imensamente qualquer candidato logo na primeira triagem e podem diminuir drasticamente suas chances a qualquer vaga.

“Não é a única fonte de análise, claro, mas é o cartão de visitas daquele profissional”, conta ao InfoMoney Felipe, que já trabalhou em recrutamento para diversas áreas e cargos. “Hoje faço posições de gerência e diretoria dentro das áreas de finanças e impostos, mas já passei por muitas áreas aqui dentro”, explica.

Perguntado sobre algum conteúdo bizarro com que já tenha se deparado em algum currículo, Felipe ri e lembra imediatamente. “Uma vez recebi um currículo que na aba de mais informações continha ‘gerencio mais de 30 grupos de WhatsApp’. Não precisa desse tipo de informação. Não coloque”, aconselha.

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Confira abaixo os principais erros que qualquer profissional pode cometer em seu currículo, segundo o especialista:

1.     Mentira

Sem dúvida, o erro mais grave de todos é a mentira, tanto no currículo como em outras fases da seleção “e na vida”, diz Felipe. Nenhuma informação pode estar distorcida: idiomas, nomenclatura de cargos anteriores, funções, cursos. “Por mais que a verdade não preencha os requisitos daquela vaga, ela é fundamental. Mentir é a pior coisa que você pode fazer”, crava.

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2.     Tamanho inadequado

É mito que um currículo deve ter apenas uma página para ser atrativo, mas também é importante saber pesar e não exagerar. “Não existe isso de tamanho máximo e mínimo, o tamanho tem que refletir a carreira do profissional. Às vezes ser muito sucinto pode não passar por tudo o que a pessoa fez, mas não pode ser um documento muito longo para não cansar o leitor. Não tem muito segredo: coloque todas as informações necessárias”, finaliza.

3.     Desproporcionalidade

Descrever função por função é importante em qualquer currículo, mas é necessário atentar para o nível de aprofundamento necessário para cada uma delas. No geral, a posição profissional mais recente é a que deve ter maior detalhamento, porque diz respeito à sua qualificação atual. Para cargos anteriores, o resumo pode ser mais geral.

4.     Conteúdo desorganizado

Um currículo deve conter informações de cargos anteriores em ordem cronológica decrescente (da mais recente para a mais antiga). Cargos e experiências devem estar separados de informações como formação, objetivo e publicações ou prêmios. Essa é a estrutura principal a ser seguida.

A partir disso, é preciso manter a organização: os textos não podem ser excessivamente grandes e a diagramação precisa ser legível: com espaço o suficiente para que tudo seja legível.

Em termos de conteúdo, é essencial descrever cargo, principais projetos e resultados alcançados nesse cargo. “Não deixe de mencionar tudo isso”, alerta o especialista.

5.     Ausência de datas

“Algumas pessoas não colocam datas em seus currículos e isso é terrível”, diz Felipe. “Datas de início e saída da empresa e de formação em cada curso concluído são essenciais. Mês e ano são o suficiente”, completa.

6.     Erros gramaticais

“Isso talvez seja quase tão grave quanto mentir, e realmente não deveria acontecer com a tecnologia que temos hoje, mas ainda vejo muitos currículos com erros gramaticais”, lamenta Brunieri. “Atenção a erros de concordância, pronomes, enfim, todos. Mais que isso, se seu currículo está em inglês, precisa estar totalmente de acordo com a gramática do idioma”, complementa.

7.     Conhecimentos “básicos”

“Inglês básico é a mesma coisa que nada”, resume Felipe. “Não coloque”. O mesmo vale para cursos de curta duração feitos muitos anos atrás. “Isso não vale, foque nos conhecimentos mais recentes ou nos mais sólidos”.

8.     Adjetivação

Cuidado com a autodescrição excessiva. “Uma coisa é colocar ali uma mini-biografia, outra é usar adjetivos pessoais: pró-ativo, comunicativo, bom líder. Quem vai fazer essa análise é o profissional de recrutamento”, diz o especialista. Na dúvida, não é necessário escrever esse item.

9.     Objetivo raso

Um bom currículo pode ou não ter descrição de objetivo, mas é preciso tomar cuidado. “Tem gente que coloca como objetivo o nome da função que está pleiteando. Esse não é seu objetivo de carreira. Coloque algo mais amplo, de mais longo prazo”, sugere.

10.  Viagens a lazer

Experiência internacional só deve estar no currículo se tiver relação com trabalho ou estudo. Qualquer coisa além disso é desnecessária. “Já vi gente colocando uma viagem que fez a passeio 20 anos antes. Não tem motivo para fazer isso e pode pegar mal”, finaliza. 

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney