Escolaridade de quem trabalha em MPEs sobe e favorece competitividade

Entre 2002 e 2006, houve um crescimento significativo nas contratações de pessoas com ensino médio e superior completo

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A cada ano que passa, aumenta o nível de escolaridade dos profissionais que trabalham em micro e pequenas empresas. Segundo os dados, entre os anos 2002 e 2006, houve um crescimento significativo nas contratações de profissionais com Ensino Médio e Superior Completo. Foi constatada ainda uma redução no analfabetismo entre esses trabalhadores.

Estes resultados podem ser encontrados no Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa 2008, encomendado pelo Sebrae ao Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e divulgado nesta sexta-feira (11).

Na avaliação do diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, há dois movimentos que estão contribuindo para o aumento do grau de instrução no País. “O primeiro é um crescimento gradual no nível de escolaridade da população brasileira, independentemente da economia. O outro movimento é o de aprimoramento da produção nas empresas do País, o que demanda funcionários mais qualificados”.

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Microempresas se preocupam com competitividade

Os dados mostram que, em 2002, as microempresas do País registravam que, do total de empresados (5.238.031), 28% tinham o Ensimo Médio completo, o que corresponde a 1.466.649 trabalhadores com esse nível de escolaridade. Já em 2006, essa proporção aumentou para 37,9% de um total de 6.179.810 empregados, o que corresponde a 2.342.148 pessoas.

O número de profissionais com Ensino Superior completo nas microempresas também aumentou. Em 2002, apenas 3,8% do quadro de funcionários tinham faculdade. Em 2006, o percentual subiu para 4,7%, o que equivale a 290.451 empregados com Ensino Superior completo. Já o número de trabalhadores analfabetos sofreu uma queda de 1% (2002) para 0,5% (2006).

A contratação de mão-de-obra mais qualificada pode indicar a preocupação por parte dos microempresários em relação ao nível de competitividade, que, em muitos mercados, só se acirra. “Em um contexto de competitividade, a única preocupação das empresas é de ter ao seu lado o melhor talento”, explicou o diretor de Performance Organizacional da consultoria Right Management, Felipe Westin.

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Situação nas pequenas

A mesma tendência pode ser verificada nas pequenas empresas, e ainda com mais intensidade. Em 2002, 27,1% dos funcionários dessas organizações (1.550.491) tinham o segundo grau completo. Já em 2006, eles somavam 2.551.807 funcionários, ou seja, 36,1% do total de trabalhadores, o que implica 7.068.717 pessoas.

Essas mesmas pequenas empresas, que em 2002 contavam com 8% de empregados com nível superior completo, passaram a contar com 9,3%, percentual que equivale a 657.391 trabalhadores. E assim como nas micro, também foi registrada uma queda na quantidade de analfabetos contratados por tais organizações. O percentual passou de 1,1% em 2002 para 0,5% em 2006.

Para o gerente da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae Nacional, Enio Pinto, os resultados também refletem o aumento no número de empreendedores no País com nível superior completo e incompleto. “Aquele empreendedor que tem nível de escolaridade alto passa a ter necessidade de contratar pessoas com melhor escolaridade”, analisa.

Remuneração

Clemente Ganz Lúcio, do Dieese, aposta em um aumento na produtividade das empresas, conseqüência dessa escalada no nível de escolaridade de seus trabalhadores. E, segundo ele, o resultado, no longo prazo, será o “aumento do salário para o trabalhador que tiver mais instrução”, prevê.

Os dados do estudo já comprovam isso. Em 2002, o profissional com Ensino Médio completo da Construção ganhava, em média, R$ 582 na construção, enquanto na indústria, o salário era de R$ 566, em serviços era de R$ 487 e, no comércio, R$ 397. Em 2006, a construção continua a remunerar melhor, pagando R$ 748, seguida da indústria, com R$ 738.

Quando a análise recai sobre empregados de microempresas com nível superior completo, é o setor da indústria que paga melhor. Em 2006, o valor era de R$ 2.585, seguido da construção, com R$ 2.279, do setor de serviços, com R$ 1.694 e o de comércio, com R$ 1.317. O mesmo ocorre no caso dos trabalhadores que ainda estão cursando o nível superior.

Nas pequenas, por sua vez, é a indústria, mais uma vez, que melhor paga os empregados com maior grau de escolaridade. Em 2006, aqueles que têm Ensino Médio completo receberam, em média, R$ 957 na indústria, R$ 931 na construção, R$ 863 em serviços e R$ 719 no comércio. Já os profissionais com faculdade receberam, em 2006, R$ 3.648, em média, na indústria.

Sobre a pesquisa

As bases de dados do Anuário reúnem informações de 6.073.056 micro, pequenas, médias e grandes empresas formais. Dessas, 2.241.071 declaram ter empregados. As micro e pequenas empresas representam 97,5% (2.184.934), contra 2,5% de médias e grandes empresas. No que se refere à mão-de-obra, essas MPEs empregam 13.248.527 pessoas. Já as médias e grandes empresas empregam 12.827.677. Isso mostra que as MPEs são responsáveis pela grande maioria dos empregos formais no País.