Entre oportunidades semelhantes, o que avaliar para mudar de emprego?

Mudança não deve ser influenciada apenas por melhores salários; profissional precisa ter plano de carreira bem definido

Viviam Klanfer Nunes

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SÃO PAULO – Diversas pesquisas já revelaram que um dos principais fatores que motivam os profissionais a mudar de emprego é a busca por oportunidades que ofereçam possibilidade de crescimento e de desenvolvimento profissional. Mas, e se você recebeu uma proposta de emprego com salário melhor ao mesmo tempo em que a empresa em que atua lhe oferece aquelas oportunidades mencionadas, o que avaliar para uma possível troca?

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Coaching, Villela da Matta, o profissional precisa observar, antes de mais nada, se aquela nova oportunidade está de acordo com seu plano de carreira. Caso positivo e ao se certificar que a intenção de mudar de companhia não leva em consideração, principalmente, o salário, é possível levar o assunto adiante.

Riscos e resistência
Villela explica que mudar de emprego exige que o profissional assuma diversos riscos. Entre eles, o risco de não se adaptar à cultura da nova empresa, encontrar uma equipe fechada e ainda ter que mostrar, novamente, todo o seu potencial.

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De acordo com Matta, quando um profissional está em uma empresa há algum tempo, seu chefe e sua equipe já conhecem sua capacidade e seu potencial. Na nova empresa será preciso trabalhar bastante para mostrar do que se é capaz. “Ele vai ter que construir sua imagem. Vai partir do zero, pois ninguém na nova empresa conhece seu trabalho”, explica Villela.

É preciso considerar esse fator, pois o profissional vai ter que sair da zona de conforto, o que nem sempre as pessoas gostam e estão dispostas a fazer. “Na outra empresa, será preciso trabalhar mais para conquistar a aprovação”, lembra Villela.

Readaptação
A nova equipe também pode apresentar grande resistência à entrada do novo profissional, por diversos fatores. De acordo com o consultor empresarial da Caput Consultoria, Flávio Moura, o profissional pode estar entrando na nova empresa para assumir o cargo de outro, que a equipe já estava acostumada com seu modelo de gestão e liderança.

O profissional, portanto, vai ter que enfrentar um longo processo de readaptação, não só dele, mas também da equipe que encontrar.

A cultura da empresa é outro fator a considerar. Se na empresa atual o profissional tem grande liberdade e vai para uma companhia na qual os processos são mais travados e burocráticos, isso pode ser um grande fator desmotivacional. A perda da autonomia, explica Moura, é mais um risco.

Todos os elementos que envolvem a cultura da empresa, ou seja, a forma como ela atua e como escolhe desenvolver seus projetos e processos impacta diretamente no desenvolvimento do profissional, “você pode passar a não se desenvolver bem e não ter condições de mostrar seu potencial dependendo do tipo de empresa”, explica Moura.

Minimizando os impactos
Para minimizar os impactos inerentes às mudanças, há algumas dicas que podem ajudar, começando pelo processo de seleção. De acordo com Villela o profissional deve, neste momento, prestar atenção aos detalhes, “deve-se fica atento às pequenas minúcias, pois já na entrevista você começa a ver a cultura da empresa”.

Veja como a entrevista foi organizada, se houve ou não atrasos, desencontros, confusões. Isso pode revelar uma empresa com problemas ou mesmo uma empresa desorganizada. Observe se tiveram todas as etapas, e se você conversou com o seu possível futuro gestor.

Fazer perguntas ao novo empregador também é recomendado, mas apenas após já ter sido selecionado. Quando você tiver um retorno positivo da empresa, é o momento de fazer as perguntas de ordem mais prática. Se na seleção é interessante perguntar sobre a saúde da empresa e outras dúvidas institucionais, quando tiver uma resposta positiva sobre seu processo é o momento das perguntas mais importantes para o profissional.

Explore o máximo que puder. Deve-se perguntar com quem irá trabalhar, qual será seu papel, suas funções. Como a empresa avalia os candidatos, se há indicadores de performance, bônus e tudo mais que julgar pertinente.

Moura também lembra de algumas atitudes que podem evitar frustrações futuras. Na hora da entrevista, observe o perfil dos demais candidatos, e os comentários que a equipe de seleção faz. Nunca tome uma decisão sob pressão ou sem planejamento e, por fim, não pense em crescimento imediato.