Entenda o que é transtorno bipolar e como ele afeta o desempenho profissional

"Entre 8% e 10% da população sofrem do problema", explica psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do HC

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O transtorno bipolar é um distúrbio bastante comum. “Dizemos que corremos o risco de ter o transtorno alguma vez na vida. Entre 8% e 10% da população sofrem do problema”, explica o psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Peng Chei Tung, que escreveu o livro “Enigma bipolar”, lançado pela Editora MG, no final de 2007.

Segundo ele, o transtorno é marcado pela variação do humor: uma hora a pessoa está eufórica, feliz e satisfeita, e, no momento seguinte, deprimida. “Mas 90% dos bipolares vivem mais a fase de depressão do que a de euforia”, garante o psiquiatra. “Na maioria das vezes, o transtorno é hereditário. Chama a atenção a variação entre a felicidade e a tristeza sem controle, exagerados”.

O bipolar e o trabalho

Ocorre que, em algumas épocas da vida, o bipolar é muito cheio de energia, podendo trabalhar 36 horas seguidas, realizando as tarefas de uma semana inteira em apenas um dia e meio. A diretoria fica feliz com os resultados e passa mais trabalho para ele, depositando muitas esperanças nele. Meses depois, no entanto, o profissional pode vivenciar sua fase depressiva e ter dificuldade, inclusive, de ir ao trabalho.

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“Ele dorme demais e não consegue acordar na hora, ou dorme pouco e não rende. Há bipolares que arranjam várias coisas para fazer à noite e acabam indo dormir muito tarde. Como resultado, não conseguem acordar na hora e chegam atrasados, mas não alguns minutos atrasados, e sim horas. E se conseguem levantar da cama, ficam cansados durante todo o dia”, diz Tung.

Quando o bipolar é valorizado nas empresas

A impulsividade é outra característica marcante do bipolar. Eles falam e fazem o que querem, sem pensar muito. Isso pode ser bom e ruim para a empresa. Bom, porque são poucos os profissionais ousados, criativos, que não têm medo de arriscar. Ruim, porque podem colocar a empresa em situações de risco e vulnerabilidade. Além disso, ao ocupar um cargo de chefia, a pessoa com transtorno bipolar pode acabar sendo injusta e agressiva, embora muitas delas sejam carismáticas e tenham características de líder.

De qualquer maneira, na fase eufórica, o bipolar é muito criativo e “trabalha, trabalha, trabalha”, nas palavras do psiquiatra do HC. “São os executivos que acabam sendo bem-sucedidos no mercado. Porém, apesar de o bipolar fazer muito sucesso em sua fase eufórica, pode, de repente, se estressar e ficar deprimido. E então ele entra em um ritmo lento, fica largado, não consegue ir ao trabalho”.

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Há bipolares que passam a vida toda no estado eufórico. Agitados, podem acabar subindo nas empresas. Enquanto outros podem passar a vida deprimidos. O problema da fase deprimida é que ela implica queda na produtividade e na qualidade do trabalho e absenteísmo.

“O líder que é bipolar, mas que tende à depressão, geralmente é aquele chefe de que ninguém gosta. Está sempre irritado e triste, é chato e perfeccionista. Ninguém suporta”, explica. Ainda existe a pessoa com transtorno bipolar que está sempre “flutuando”. Às vezes, ela está bem, outras vezes, está mal. A produtividade cai, mas ela faz de tudo para disfarçar.

Depressão versus transtorno bipolar

Deve-se estar atento ao diagnóstico de depressão. Isso porque metade das depressões é bipolar. “Transtorno bipolar é muito confundido com depressão. A diferença é muito, muito sutil. Infelizmente, os médicos estão pouco preparados para fazer o diagnóstico correto”.

Tratamento

Não existe uma idade certa para o transtorno bipolar vir à tona. Mas, muitas vezes, o problema aparece na adolescência. Como se trata de uma doença crônica, não existe uma cura permanente. O tratamento é realizado à base de remédios e terapia.