Entenda a diferença entre a taxa do IBGE e a do Dieese

Taxa de desemprego do Dieese sempre é mais alta porque inclui o desemprego oculto por precariedade e desalento

Patricia Alves

Desemprego. Fonte: Shutterstock

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SÃO PAULO – O desemprego subiu na região metropolitana de São Paulo em março, quando comparado com o mês de fevereiro. Ao menos nisso com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE e a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Dieese coincidem.

Mas, os dois institutos apontam níveis distintos de desemprego. Enquanto para o Dieese o desemprego já é de 16,9%, para o IBGE ele está mais próximo dos 10%.

Como entender esta diferença? A resposta está na metodologia de cálculo. Embora essas diferenças sejam fruto de critérios diferentes de análise, elas possuem caráter de interesse público por abrangerem questões delicadas de fácil manipulação política, por exemplo.

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Regiões abordadas diferem
Tanto a PED do Dieese quanto a PME do IBGE são realizadas nas regiões metropolitanas de São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador. Enquanto a PED também inclui Curitiba e deverá ser retomada em Belém, a PME abrange Recife e Rio de Janeiro, além das outras quatro regiões metropolitanas comuns.

O fato de incluírem regiões distintas não explica a diferença. Então, como entender que a taxa de desemprego divulgada pelo Dieese sempre supera aquela do IBGE? Elaborada desde 1980, a PME do IBGE atende aos conceitos recomendados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e já passou por várias reformulações. Já a PED do Dieese, que é elaborada desde 1984, difere dos conceitos tradicionais de análises de mercados de trabalho e valoriza conceitos que supostamente caracterizem o mercado de trabalho brasileiro e suas particularidades.

Desemprego aberto e oculto
No caso do Dieese o desemprego total é calculado como sendo a soma do “desemprego aberto” com o “oculto pelo trabalho precário” e o “oculto pelo desalento”.

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Na prática, isso significa que são consideradas desempregadas as pessoas que não trabalharam ou procuraram emprego na semana referente à pesquisa, mas procuraram trabalho durante o restante do mês; outras que simultaneamente à procura de trabalho, realizam algum tipo de atividade informal ou descontínua; e aquelas que, desencorajadas por razões diversas, pararam de procurar trabalho, mas ainda querem trabalhar.

Já o IBGE vê os mesmos três tipos de desemprego do Dieese sob outras óticas. Os casos de “desemprego aberto” são classificados como “inativos” pela PME, os “ocultos pelo trabalho precário” são considerados “ocupados” pelo IBGE e “os ocultos pelo desalento” do Dieese também fazem parte dos “inativos” da PME.

Apesar das diferenças, taxas podem se aproximar
Conclusão: parte dos desempregados do Dieese está entre os “ocupados” do IBGE, daí o porquê da taxa do Dieese sempre superar a do IBGE.

Os “desempregados” do IBGE, portanto, são somente aqueles que não estão trabalhando, mas procuraram emprego durante a semana de realização da pesquisa. Uma forma de tornar as duas taxas mais comparáveis seria, portanto, excluir da definição do desemprego do Dieese o desemprego oculto e incluir apenas o desemprego aberto. Caso isso fosse feito, a taxa de desemprego do Dieese seria de 10,9%.